O prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), prestou depoimento à CPI da Lagoa da Pampulha na manhã desta quinta-feira (23), na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), e citou possíveis irregularidades ações da empreiteira Andrade Gutierrez com a prefeitura da capital mineira nos trabalhos para limpeza da lagoa.
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Questionado pelos vereadores sobre os altos gastos da Prefeitura de BH nos últimos cinco anos para a limpeza da lagoa, cerca de R$ 200 milhões, Medioli disse considerar “assustador” que o Executivo municipal tenha gastado tanto e os resultados tenham sido tão “insatisfatórios e insuficientes”.
“A eficiência da gestão pública é fazer muito com pouco. Dentro do grau de eficiência destes investimentos, com os resultados que nós vemos, é insuficiente. Não se justifica esse gasto para deixar a lagoa no estado que ela está hoje. Me deparando com resultados tão assustadores, encerraria os contratos e mandaria auditá-los para ver se há responsabilidade cível ou criminal sobre eles”, afirmou o prefeito de Betim.
Medioli afirmou que as ações na lagoa se tornaram uma espécie de “galinha de ovos de ouro” para a empreiteira Andrade Gutierrez e citou problemas da empresa com a prefeitura de Betim nas últimas décadas.
“A Lagoa da Pampulha era um feudo, um quintal, uma granja da Andrade Gutierrez, para fazer crescer as galinhas dos ovos de ouro. O passivo da lagoa é imenso. A lagoa deveria ser, pelo menos a cada dois anos, nos meses de agosto e setembro, rebaixada por 2 metros. Neste período se faz uma limpeza, medindo os resíduos retirados”, afirmou.
Ele afirmou que em uma das delações de executivos da Andrade Gutierrez na operação Lava-Jato, as ações na Lagoa da Pampulha foram citadas e que caberá aos vereadores apurar em profundidade tais denúncias.
O prefeito de Betim foi convidado à CPI para falar sobre um trabalho voluntário feito pela sua empresa na retirada de aguapés da lagoa no início dos anos 1990.
“Sou morador da região há muitos anos. Na década de 1990 a lagoa enfrentou o problema dos aguapés. O crescimento dos aguapés era constante, ele tem uma capacidade de proliferação incrível, se não for controlado, em pouco tempo toma conta de todo o espaço que tiver a sua disposição. Eles impedem que peixes possam subir na superfície do espelho d'água, larvas e pernilongos se proliferam de forma absurda”, explicou Medioli.
“Havia muito descrédito nessa capacidade, como se fosse uma loucura, mas em 3 meses a lagoa estava limpa. Tiramos uma quantidade de 25 mil caminhões de aguapés. Colocamos em uma ilha, em frente à Toca da Raposa. Uma montanha de água-pé”, disse o prefeito.
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a assessoria da Andrade Gutierrez, que ainda não se manifestou sobre as denúncias feitas por Vittorio Medioli.