Ouvindo...

Deputados, jornalista, radialista e vereador; conheça alvos dos mandados de Alexandre de Moraes

Ministro do STF determinou 103 mandados de busca, apreensão e prisão em operação deflagrada na quinta-feira

Ministro Alexandre de Moraes determinou operações contra pessoas envolvidas em protestos

A megaoperação deflagrada na quinta-feira (15) pela Polícia Federal a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mirou parlamentares e jornalistas que estariam participando de uma “milícia privada digital” formada para “atacar o Estado democrático”.

Veja mais: Moraes manda bloquear 168 perfis de bolsonaristas nas redes sociais

Entre os alvos dos 103 mandados assinados por Moraes estão dois deputados do Espírito Santo, Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL); o vereador de Vitória, Armandinho Fontoura (Podemos); o jornalista Jackson Rangel Vieira, dono do jornal Folha do ES; e o radialista e empresário Max Pitangui (PTB). Armandinho, Jackson e Max foram presos.

Segundo Moraes, o deputado Carlos Von é responsável por “promover em suas mídias sociais pronunciamentos virulentos e criminosos contra ministros do STF”. Ele cita ainda que o parlamentar está envolvido em pagamentos ao jornal Folha do ES para que o veículo fizesse publicações a seu favor.

O ministro do STF afirmou em sua decisão do Jackson Rangel mantinha o portal Folha do ES como forma de atacar instituições: “O site Folha de ES e o pseudo jornalista são células de organização que se instalou na rede mundial de computadores para conspurcar a honra, a imagem, a honorabilidade, a moral e dignidade de uma gama de atores constitucionais e, no particular, do STF”, diz Moraes.

Ainda segundo o ministro, o radialista Max Pitangui é investigado por ter “se manifestado de forma abusiva, não só questionando sem provas a lisura do pleito eleitoral, mas também incitando a abolição do próprio Estado Democrático de Direito mediante intervenção militar e/ou tomada violenta de poder”.

Atos de vandalismo

Desde a vitória nas urnas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), grupos que rejeitam o resultado das eleições acampam na porta de quartéis com pedidos de intervenção para tentar impedir a posse do presidente.

Na última segunda-feira (12), dia da diplomação de Lula, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, no Distrito Federal. Pelo menos dez carros foram os incendiados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Um grupo foi filmado tentando jogar um ônibus de um viaduto na capital federal.

O que dizem os investigados?

O deputado Carlos Von negou ter participado de atos considerados por Moraes como antidemocráticos. “Nunca participei de nenhum ato antidemocrático, nunca fui a nenhuma manifestação ou fiz qualquer tipo de postagem com teor antidemocrático. Ainda estamos atrás de informações sobre os motivos dos mandados. Nunca contestei nenhum resultado das eleições, não me posicionei nas minhas redes sociais e nem na tribuna da Assembleia”, disse Carlos Von em entrevista ao jornal Estado de São Paulo.

O deputado Capitão Assumção usou suas redes sociais para rebater as acusações: “PF na minha casa e no meu gabinete a mando de Alexandre de Moraes. Pratiquei o terrível crime de livre manifestação do pensamento”.

O radialista Max Pitangui gravou um vídeo que circula nas redes sociais dizendo que não participou de grupos radicais. “Todas as coisas que eu falei de política foram dentro da Constituição. Tenho certeza que esse pedido de prisão não tem a ver com uma questão nacional. Porque eu, recentemente, fiz denúncias contra a procuradora”, disse Pitangui.

Por meio de nota, o gabinete do vereador Armandinho Fontoura afirmou que a decisão de Moraes “causa espanto”. “O vereador não frequentou nenhuma manifestação antidemocrática, não incentivou a realização delas, tampouco as patrocinou. A própria imprensa nunca registrou nenhum tipo de ato semelhante”, diz a nota.

O jornalista Jackson Rangel não foi encontrado para comentar a decisão de Moraes.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.