Procuradores federais que atuam no Ministério Público Federal (MPF) de 26 estados de do Distrito Federal enviaram um ofício ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, para que ele abra uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) após
O chefe do Executivo reuniu embaixadores estrangeiros nesta segunda-feira (18) e repetiu acusações, sem prova, contra a lisura das eleições no país.
O documento é assinado por 43 procuradores federais e diz que Bolsonaro “atacou explicitamente o sistema eleitoral brasileiro, proferindo inverdades contra a estrutura do Poder Judiciário Eleitoral e a democracia brasileira”.
O ofício que foi encaminhado a Augusto Aras diz, ainda, que o presidente faz “clara campanha de desinformação’.
“A desinformação deve ser veemente combatida, pois cria narrativas paralelas que tentam formar opiniões com base em manipulação, emoção, utilizando, inclusive, artifícios tecnológicos que podem dar uma precisão nunca outrora vista em relação ao perfil das pessoas a serem enganadas”, afirmam os procuradores.
Ataques em reunião com embaixadores
O presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou embaixadores de diversos países em uma cerimônia no Palácio do Planalto e reuniu uma série de ataques que vem proferindo nos últimos anos contra o sistema eleitoral brasileiro, a urna eletrônica e ministros que fazem parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De pé em uma tribuna, Bolsonaro falou por cerca de 45 minutos e apresentou um powerpoint com uma série de matérias jornalísticas e vídeos. Ele questionou a confiabilidade do sistema eleitoral, voltou a afirmar que as urnas não são auditáveis e associou ministros do STF, como Luís Roberto Barroso e Edson Fachin ao seu adversário nas eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro abriu a apresentação mostrando trechos de um inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre uma invasão de hackers ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse mesmo inquérito motivou um pedido de abertura de investigação contra o próprio presidente, que já havia divulgado documentos sigilosos da PF sobre o assunto. Segundo ele, não há qualquer classificação de sigilo sobre o inquérito.
Bolsonaro também ofereceu, por duas vezes, a enviar cópias das investigações aos embaixadores, caso quisessem.
“Tudo começou nessa denúncia de conhecimento do TSE, onde um hacker diz claramente que teve acesso a tudo dentro do TSE, obteve acesso aos milhares de códigos-fonte e até a senha de um ministro do TSE”, afirmou. “Segundo o TSE, os hackers ficaram oito meses dentro dos computadores e poderiam alterar nomes dos candidatos, transferir votos de um para outro”, completou o presidente.
O TSE já se manifestou sobre o assunto e negou que a invasão tivesse gerado qualquer risco à integridade das eleições 2018 e que depois que o código-fonte dos programas são lacrados eletronicamente, não podem sofrer qualquer alteração. O Tribunal também lembrou que as urnas não são conectadas à internet e, por isso, não podem ser invadidas por um agente externo.