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Bolsa tem forte queda, e dólar sobe com risco fiscal da isenção do Imposto de Renda

Impacto fiscal da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil repercutiu no mercado financeiro

Ibovespa avançou 1,07% e fechou o dia a 143.949 pontos

O Ibovespa, índice que reúne os principais ativos na bolsa brasileira, fechou a quinta-feira (2) com uma queda de 1,07%, a 143.949 pontos. Nesta sessão, os investidores demonstraram cautela ao repercutir a aprovação da reforma do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados, observando um risco fiscal nas contas públicas.

Na noite dessa quarta-feira (1º), os parlamentares aprovaram por unanimidade a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, e a progressão de um desconto de até R$ 7.350. A medida, que ainda precisa ser aprovada no Senado, é a principal promessa de campanha do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o economista Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter, a preocupação é com a manutenção dos juros elevados por mais tempo caso a inflação não comporte a isenção. “O risco fiscal está na mesa e, por isso, o clima mesmo com os recordes não é de festa. A questão do IR já trazia essa preocupação lá atrás, o que acaba limitando maiores altas do índice e mantendo o desconto no valuation frente aos pares emergentes”, explicou.

Com a nova regra, o país deve ter mais de 26,6 milhões de contribuintes isentos de Imposto de Renda, cerca de 65% dos declarantes. O número inclui os atuais 15,2 milhões de trabalhadores isentos; as quase 2 milhões de pessoas isentas pela elevação da atual faixa para quem ganha até dois salários-mínimos por mês; e os quase 10 milhões que o governo estima isentar.

A proposta deve ter um impacto de R$ 31,2 bilhões no ano que vem. Para compensar a queda na arrecadação, os deputados mantiveram a ideia de criar uma alíquota progressiva de 10% sobre os rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais. A expectativa é que 141,4 mil contribuintes sejam afetados.

Dólar tem alta global em meio a paralisação nos EUA

O dólar também teve uma valorização de 0,2% frente ao real, subindo para R$ 5,34, acompanhando uma alta global da moeda americana no mercado. O analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, explica que o movimento se dá em parte pelo sentimento de aversão ao risco diante da paralisação do governo de Donald Trump nos Estados Unidos.

No cenário doméstico, ele também cita as preocupações com a responsabilidade fiscal. Além do Imposto de Rende, o especialista cita a notícia de que o governo federal estaria avaliando a implementação de uma tarifa zero nos ônibus. “Notícias relacionadas a programas com potencial de ampliar a popularidade do governo reforçaram esse movimento”, explicou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.