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Quase metade das famílias no Brasil estão endividadas e 43% têm o nome sujo

Quase 70 milhões de adultos estão com o CPF negativado, de acordo com pesquisa da CNDL e do SPC Brasil

Especialista alerta para os perigos dos juros de parcelamentos

O número de famílias endividadas no Brasil chegou a 48,6%, de acordo com estatísticas do relatório de estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central, divulgado nessa segunda-feira (29). Ao mesmo tempo, uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, revela que pouco mais de 43% da população adulta está inadimplente.

O número corresponde a quase 70 milhões de CPFs negativados. Cabe ressaltar que o endividado é qualquer pessoa que tenha parcelas a vencer de uma dívida, enquanto o inadimplente tem parcelas vencidas e não pagas.

Ainda de acordo com a pesquisa da CNDL, os dados mostram que 80% dos endividados já haviam figurado em listas de inadimplentes anteriormente. O número de reincidentes cresceu em 5,18% nos últimos doze meses, enquanto o tempo médio para contrair uma nova dívida após a regularização foi de apenas 2,5 meses.

Para o educador financeiro Fernando Lamounier, sócio diretor da Multimarcas Consórcio, os brasileiros estão se deixando seduzir por parcelas baixas, sem se atentar ao custo total do crédito. “Isso transforma a renda em refém dos juros”, afirmou.

O Banco Central mostra que a taxa média de juros das novas contratações de crédito chegou em 31,8%, em agosto. O índice de Custo de Crédito (ICC), que mede o custo médio das operações para pessoas físicas e empresas considerando custos para além da taxa de juros, também cresceu a 23,4%, elevação de 0,2 p.p no mês e 1,7 p.p em doze meses.

Segundo Lamounier, renegociar dívidas sem um corte de gastos e mudança de hábitos pode ser uma armadilha. Para ele, a solução passa por investimento em educação financeira e maior transparência no sistema de crédito. “É urgente romper o ciclo da dívida com planejamento e cultura financeira. Sem isso, o país corre o risco de consolidar uma geração inteira presa à inadimplência”, disse.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.