Você provavelmente já viveu isso: ver alguém menos técnico, menos preparado e com menos entrega ser promovido, elogiado ou ocupar os melhores espaços. Enquanto você carrega o piano, outro sobe no palco. Isso incomoda — e com razão.
Quando falamos sobre igualdade de gênero no mercado de trabalho, não basta reconhecer as barreiras sociais que historicamente afastam as mulheres dos espaços de poder. É preciso também encarar a ausência de posicionamento e comunicação como um dos principais fatores que ainda hoje mantêm tantas mulheres fora das decisões.
Competência, sozinha, não leva ao topo.
O que separa quem cresce de quem estagna é a capacidade de comunicar com clareza, intenção e presença. E sim — na maioria dos casos, quem avança sabe exatamente como apresentar sua visão, sustentar sua autoridade e traduzir sua experiência em influência.
A comunicação não é um detalhe. É uma ponte entre quem você é e o que o mundo enxerga em você. Há quem diga que ela é um dos pilares mais estratégicos para o desenvolvimento de qualquer carreira — e com razão. A excelência silenciosa pode até ser admirada, mas dificilmente é promovida. Quem cresce é quem se comunica.
Para as mulheres, o desafio é ainda maior. Fomos ensinadas a agradar, a esperar a vez, a sermos escolhidas — desde que em silêncio. A sociedade moldou a fala masculina como padrão de autoridade, e o feminino como algo a ser moderado, corrigido ou suavizado. Isso afeta a autoconfiança e nos faz hesitar. Muitas vezes, não é o conteúdo que falta — é a coragem de verbalizar com firmeza.
Como lembra a historiadora Mary Beard, o silêncio imposto às mulheres vem desde a Antiguidade. Em A Odisseia, Telêmaco manda sua mãe, Penélope, calar-se porque “a fala pública é coisa de homem”. Séculos depois, o eco dessa mentalidade ainda se faz presente nas interrupções em reuniões, nas falas desacreditadas e nas poucas mulheres ocupando o centro do palco.
A própria Margaret Thatcher passou por treinamento vocal para engrossar sua voz — não por vaidade, mas porque entendeu que, no ambiente político, a autoridade feminina precisava “soar” masculina para ser respeitada. Isso é simbólico: por muito tempo, mulheres precisaram alterar até o tom da própria voz para serem levadas a sério.
Hoje, esse modelo está em colapso. A nova liderança exige autenticidade e conexão — e isso só acontece quando a comunicação é coerente com quem você é. Não se trata de “falar como homem”. Trata-se de falar como uma mulher inteira, consciente da sua potência, sem pedir licença para existir.
O livro “Como Mulheres Chegam ao Topo” reforça: performance não basta. Mulheres que avançam combinam competência, visibilidade e influência — três pilares sustentados por comunicação estratégica.
A proposta da “Liderança Shakti” vai além da forma: é sobre comunicar com integridade, unindo a escuta profunda com o posicionamento firme. A liderança que o mundo precisa é aquela que não apaga a identidade feminina — amplifica.
Por isso, se você já entrega mais do que a média, mas ainda não colhe reconhecimento proporcional, talvez o próximo passo não seja fazer mais — mas se mostrar mais. Falar com intenção. Se apresentar com confiança. Sustentar sua narrativa com a mesma força com que sustenta os resultados.
Liderança não é apenas ocupar um cargo. É ocupar a própria voz. E quem não se comunica, não cresce. Apenas continua trabalhando para quem sabe se comunicar melhor.