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Endividamento das famílias em BH atinge 88% e inadimplência chega a 58%

Pesquisa mostra alta no uso do crédito e aponta cartão como um dos vilões; 20% dos consumidores dizem que não conseguirão pagar as dívidas em agosto

A economista orienta que, para evitar problemas, é fundamental pagar sempre o valor total da fatura, planejar os gastos no cartão de crédito e evitar que o valor da fatura se aproxime da renda mensal

As famílias de Belo Horizonte estão cada vez mais endividadas. É o que mostra a pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor, que apontou alta no índice da capital, alcançando mais de 88% no último mês.

O total de consumidores com contas em atraso chegou a quase 58%, enquanto 20% declararam que não conseguirão pagar as dívidas em agosto.

Segundo a economista da Fecomércio, Gabriela Martins, o aumento dos preços de itens básicos, aliado ao uso do cartão de crédito, são os principais fatores para esse cenário.

“Com as famílias destinando cada vez mais parte da renda a gastos essenciais, a busca pelo crédito se torna uma realidade, muitas vezes usada como complemento da renda disponível. Quando alguém atrasa o pagamento da fatura, pode cair no crédito rotativo, que tem juros superiores a 400% ao ano. A dívida inicial cresce rapidamente, formando a chamada ‘bola de neve’”, explicou.

A economista orienta que, para evitar problemas, é fundamental pagar sempre o valor total da fatura, planejar os gastos no cartão de crédito e evitar que o valor da fatura se aproxime da renda mensal. Além disso, sempre que possível, o consumidor deve optar por parcelamentos sem juros, evitando comprometer ainda mais o orçamento.

Apesar da alta no endividamento, a pesquisa mostrou queda no número de superendividados em BH — aqueles que comprometem 50% ou mais da renda mensal com dívidas acumuladas. Esse índice caiu de 22% para 20%.

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De acordo com Gabriela Martins, o endividamento em si não é necessariamente ruim, pois indica que as pessoas estão consumindo com crédito. A preocupação surge quando há superendividamento, que pode retrair o consumo e afetar diretamente o comércio e os serviços.

“A inadimplência é a grande vilã da economia, pois restringe o acesso ao crédito. Com isso, o consumo cai, o comércio vende menos, o setor de serviços perde demanda e toda a economia sente o impacto — empresas, mercado de trabalho, renda das famílias e até a arrecadação de impostos”, destacou.

Para controlar melhor as dívidas, a recomendação é adotar um planejamento financeiro mensal, registrando gastos e ganhos, evitar compras por impulso e usar o cartão de crédito com cautela. Também é essencial não pagar apenas o valor mínimo da fatura e avaliar a real capacidade de pagamento antes de assumir qualquer tipo de crédito.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, trabalhou na produção de matérias para a rádio, na Central Itatiaia de Apuração e foi produtora do programa Itatiaia Patrulha. Atualmente, cobre factual e é repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.