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De portas abertas: turismo de imersão transforma Brumadinho em destino além de Inhotim

Projeto Céu de Montanhas valoriza saberes locais e oferece vivências imersivas de turismo rural em Brumadinho

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no município de Brumadinho, moradores abriram as portas de suas casas e sítios para o turismo de imersão. Para além do roteiro tradicional da cidade — como, por exemplo, a visita ao Inhotim —, os turistas têm a oportunidade de mergulhar na cultura, gastronomia e saberes tradicionais do Vale do Paraopeba.

As diversas atrações, que vão de experiências gastronômicas a aulas de cerâmica, fazem parte do catálogo do Céu de Montanhas, projeto de turismo rural e de base comunitária que integra o Programa de Fomento ao Turismo Sustentável em Brumadinho — uma iniciativa da Vale, em parceria com o Instituto Rede Terra.

A “nova” cara do turismo

Ao longo do ano, o Céu de Montanhas promove vivências divididas em circuitos com diferentes enfoques, nos quais os visitantes podem desfrutar de um itinerário completo com atrações segmentadas.

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No último sábado (19) e domingo (20), ocorreu o primeiro Circuito de Turismo Rural, com preços entre R$ 40 e R$ 80 por pessoa, por vivência.

Ao todo, cinco espaços do município abriram as portas para que os turistas montassem seu próprio roteiro, com atividades pela manhã e à tarde.

Sítio Fotossíntese

O Sítio Fotossíntese se tornou parada quase obrigatória para quem se aventura pelo circuito do Céu de Montanhas. Os turistas são recepcionados na casa da bióloga Nina Morais e do geógrafo Gustavo Moraes.

O casal oferece aos visitantes um café da manhã completo, com queijo fresco, café moído na hora e outros quitutes.

Quem chega na hora do almoço tem a oportunidade de comer saladas com plantas e hortifrutis colhidos diretamente do pé, com flores comestíveis — nativas da fauna brasileira — como principal decoração dos pratos.

O sítio em Brumadinho, além de ser o lar de Nina, Gustavo e das cadelas Mel e Madruga, abriga quinze espécies de abelhas sem ferrão — todas brasileiras. Ao longo da visita guiada, os visitantes têm a oportunidade de conhecer a importância dos insetos para o equilíbrio do ecossistema.

Recebemos as pessoas, mostramos para elas como funcionam essas coisas, ensinamos sobre as abelhas e plantas não convencionais. A gente vai coletando os ingredientes ao longo da visita, sobe para o fogão e faz uma comida ao vivo e a cores, com praticamente tudo do quintal”.
— contou Gustavo à Itatiaia.

Rancho do Peixe

Na hora do almoço, o Rancho do Peixe, localizado na comunidade de Piedade do Paraopeba, na Encosta da Serra da Moeda, é uma das opções do roteiro.

O restaurante tem um ambiente rústico e amplo, repleto de animais como patos e gansos, além de um espaço dedicado às crianças.

Mais do que um empreendimento, o Rancho do Peixe é uma memória viva da família de Dona Vera, que lidera a cozinha local.

De terça-feira a domingo, o local serve pratos da tradicional culinária mineira — como frango com quiabo e costelinha com canjica — além de receitas com peixe, como o filé de tilápia.

O restaurante, que se tornou um negócio familiar, é atualmente administrado pelo filho de Dona Vera, Rodolfo Lacerda. Ele conta que o local funciona desde 1991 — são 34 anos de atividade. Desde o início do projeto Céu de Montanhas, em 2019, os donos perceberam um aumento no número de clientes.

História viva de Brumadinho, Dona Vera é parte essencial da experiência gastronômica. Os turistas têm a oportunidade de provar receitas de família, além de defumados e embutidos produzidos no restaurante. “Desde que começamos neste projeto [Céu de Montanhas], o visitante tem tomado conhecimento sobre as diversas experiências dentro do território e também da nossa proposta de trabalho”, declarou Rodolfo.

Aprisco Chèvremon

Mais que uma experiência gastronômica, visitar a casa de Ramon Fiúza é mergulhar em sua história de vida e na convivência com as 80 cabras que vivem no local. Nomeadas uma a uma, as cabras são cuidadas como membros da família, chamadas pelo nome e mimadas com carinhos — envolvendo o turista na atmosfera de cuidado e afeto durante a ordenha.

Ramon é culinarista e cozinheiro, e se autodenomina “curioso”, já que ordenha as cabras e desenvolve diversos produtos com o leite. Na fazenda Chèvremon, ele e a esposa, Cida Souza, produzem diferentes tipos de queijo, cremes, doce de leite e pão de queijo.

“Fui desenvolvendo algumas coisas. Tenho um queijo chamado ‘Chèvremon’, que usa um fermento holandês do tipo usado no queijo Edam. Também criei o queijo ‘Nhottim’, mais próximo de um parmesão. Desenvolvi ainda um chamado ‘Céu de Montanhas’, feito com café. E às vezes produzo um Brie que batizei de ‘Cabriero’, um clássico queijo Brie feito com leite de cabra, só que mineiro”, detalha Ramon.

Há anos, o casal abre as portas do sítio para receber turistas de todos os lugares. A mesa posta inclui queijos de cabra fresco, meia cura e maturados, acompanhados de doce de leite artesanal, pão de queijo com leite de cabra, café passado na hora, suco natural e muita “prosa boa”.

Bem-vindo ao Céu de Montanhas

No “céu” de serras que rodeiam Brumadinho, 39 empreendimentos estão de portas abertas para o turismo de experiência, beneficiando diretamente 133 empreendedores.

Segundo Danielle Teixeira, analista de sustentabilidade da área de reparação da Vale, o objetivo é que a cidade se torne cada vez menos dependente da mineração. Por isso, há um trabalho contínuo com os empreendimentos locais.

Embora os circuitos aconteçam em datas específicas, as vivências estão disponíveis ao longo de todo o ano, para que os visitantes possam agendá-las de forma individual. "É um convite que fica para todo mundo, com certeza. Brumadinho está de portas abertas. É um povo muito rico, com uma cultura muito rica e um povo acolhedor, que tem muita coisa bonita”, descreve Danielle.

Como participar?

Os interessados em se programar para conhecer as vivências e obter mais informações sobre o Céu de Montanhas podem acessar o site do projeto ou a plataforma Experimente Brumadinho.

Todas as reservas podem ser feitas com antecedência por esses canais.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.
Graduanda em Jornalismo pela PUC Minas. Interessada por redes sociais e editorias de cultura, entretenimento e cidades. Atualmente está na editoria de Redes Sociais.