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Partidos ‘torram’ até 98% dos recursos do fundo eleitoral a menos de 15 dias das eleições 2024

Proporcionalmente, o PSD de Gilberto Kassab é o recordista em transferências; em média, 87% dos recursos já foram repassados para as campanhas de prefeito e vereador no país

PSD do ex-ministro Gilberto Kassab é o que mais repassou recursos do fundo eleitoral a seus candidatos

De cada R$ 100 reservados do orçamento do governo federal ao fundo eleitoral deste ano, R$ 87 já foram repassados pelos partidos políticos a candidatos a prefeito, vereadores e diretórios estaduais e municipais das legendas em todo o país. Faltando ainda duas semanas para o primeiro turno das eleições municipais, com disputas ficando mais quentes, pode faltar dinheiro para custear ações de campanha de última hora.

Até o momento, o Partido Social Democrático (PSD) foi o que mais gastou, proporcionalmente, nas eleições. Nada menos do que 98% dos recursos do chamado “fundão” foram direcionados a candidatos da legenda ou aliados Brasil agora.

O PSD recebeu R$ 421 milhões do fundo eleitoral e já repassou R$ 414,7 milhões. Até esta segunda-feira (23), conforme declarações apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato mais beneficiado pelos recursos do partido de Gilberto Kassab foi o prefeito do Rio de Janeiro, candidato à reeleição, Eduardo Paes.

O carioca, que lidera as pesquisas de intenção de voto na capital fluminense, teve direito a quatro transferências que somam R$ 21,3 milhões. A título de comparação, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, foi contemplado com um quarto do mesmo valor: R$ 5 milhões divididos em três parcelas.

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PL é o partido que mais gastou

Numericamente, foi o Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro, o que mais agraciou seus correligionários com liberação de verbas do fundão eleitoral. Até o momento, os repasses chegam a R$ 823 milhões — dos R$ 886 milhões destinados ao partido, que tem a maior bancada na Câmara dos Deputados. No caso do PL, de cada R$ 100 recebidos da verba de origem pública, R$ 92,80 já foram repassados para custear a campanha de algum aliado.

Curiosamente, a exemplo do PSD, o candidato da legenda no Rio de Janeiro também foi o mais contemplado com recursos. No berço eleitoral da família Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem, que corre atrás de Eduardo Paes nas pesquisas de intenção de voto na capital fluminense, abocanhou R$ 26 milhões em recursos que foram transferidos à sua campanha ainda no mês de agosto.

A segunda aposta do PL é eleger o aliado Ricardo Nunes, do MDB, que defende a cadeira de prefeito em São Paulo, com R$ 15 milhões. Em terceiro lugar, o deputado estadual Bruno Engler (PL), que tenta ser eleito em Belo Horizonte e já levou R$ 14 milhões em quatro transferências desde o início da campanha eleitoral.

Dois partidos ainda não receberam fundo eleitoral

Na outra ponta, dois partidos, o da Causa Operária (PCO) e Comunista Brasileiro (PCB) ainda não receberam recursos oriundos do fundo eleitoral. Pelas regras, cada um deles — que não têm representantes na Câmara dos Deputados — teria direito a R$ 3,4 milhões para custearem suas campanhas espalhadas pelo país.

Conforme mostrou a Itatiaia em reportagem publicada no dia 22 de setembro, os partidos respondem a processos no Tribunal Superior Eleitoral por não prestação de contas eleitorais, o que seria um impeditivo para receberem suas fatias do “fundão. Em entrevista à reportagem, o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta falou em “perseguição” ao partido e reclamou que os julgamentos não foram feitos de forma célere para possibilitar à legenda acesso ao fundo eleitoral e, dessa forma, repassar os recursos a seus candidatos.

“O processo é tão estranho que a procuradoria pediu, em caráter liminar, a cassação do partido, depois alegou que não deveria pagar o fundo eleitoral, porque o partido poderia ser cassado”, afirmou Pimenta.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.