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Câmara de BH vota pedido de cassação de Gabriel Azevedo

Sessão foi convocada para esta sexta-feira (1º); vereadores irão avaliar cinco denúncias contra o presidente da Casa

Desfecho sobre processo de cassação de Gabriel Azevedo sairá nesta sexta-feira

O plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) decide, nesta sexta-feira (1º), o futuro político do seu presidente, o vereador Gabriel Azevedo (sem partido). Alvo de uma denúncia por quebra de decoro, o parlamentar será julgado pelos seus colegas se terá cassado o seu mandato ou se continua com a cadeira no Legislativo municipal.

O regimento interno da Câmara impede que o denunciado (Gabriel Azevedo) e o presidente da Casa (que será ocupada interinamente pelo vice, Juliano Lopes) votem no processo. Nesta quinta-feira (30), Lopes (Agir) convocou o suplente de Azevedo, Professor Givanildo (Patriota) para tomar posse como vereador e votar no processo.

Na sessão, os vereadores irão votar para cada uma das cinco acusações contra o presidente da Câmara. Para que ele seja cassado, é preciso que, em pelo menos uma, haja 28 votos favoráveis à perda do mandato.

Pedido de cassação e abertura de processo

O pedido de cassação do mandato de Gabriel Azevedo foi protocolado na Câmara Municipal em 28 de agosto, pela ex-presidente da Casa - e ex-aliada do vereador - Nely Aquino (Podemos), que hoje ocupa o cargo de deputada federal. Azevedo diz ter sido um de seus 66.866 eleitores.

O documento, de 12 páginas, lista cinco motivos para defender a cassação do presidente da Câmara, entre eles abuso agressões verbais a outros vereadores, abuso de autoridade, atuação irregular na CPI da Lagoa da Pampulha e uma polêmica envolvendo o corregedor do Legislativo municipal, Marcos Crispim (Podemos) - um assessor de Azevedo foi acusado de acessar o computador do parlamentar para arquivar um pedido de cassação contra o seu chefe. Ele nega.

O processo foi tumultuado desde o início. Na sessão dedicada à votação de abertura do pedido de cassação, Gabriel, no comando da Casa, usou de manobras regimentais para que a sessão chegasse ao fim sem a análise do caso. A reunião precisou ser encerrada após 5h30 e uma nova sessão foi remarcada para três dias depois.

Ao fim da sessão, Azevedo disse que vereadores haviam sido ameaçados durante o processo por um secretário do Governo de Minas. Mais tarde, ele citou o nome do secretário de Casa Civil, Marcelo Aro (PP), que coordena uma bancada com nove vereadores na Câmara Municipal. Aro o processou por calúnia e difamação.

No dia 4 de setembro, 26 vereadores votaram “sim” para a abertura do processo - eram necessários 21 votos. Outros 14 parlamentares, mais próximos de Gabriel Azevedo resolveram se abster da votação, em protesto.

Relembre: Veja como cada vereador de BH votou na abertura do processo de cassação contra Gabriel Azevedo

O relatório

No mesmo dia, três vereadoras foram sorteadas para compor uma comissão processante, que iria prosseguir na apuração das denúncias e, por fim, na elaboração de um relatório nos três meses seguintes. Foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação e o denunciado teve oportunidade de responder às acusações das quais foi o alvo principal.

A relatora da comissão, Professora Marli (PP) - que vem a ser mãe do secretário Marcelo Aro - seguiu na linha da denúncia e recomendou que os demais parlamentares votem conforme o relatório, ou seja, pela perda de mandato de Gabriel Azevedo.

“Entreguei meu relatório e agora depende de cada vereador. Eu brinquei que é: joelho no chão e pensar naquilo que vai votar. O voto não é para cada um de nós, é para Belo Horizonte, melhorar o que está acontecendo dentro da Câmara e da prefeitura. Temos que caminhar juntos. Espero serenidade”, diz a vereadora do PP sobre a expectativa para a votação de hoje.

Em meio ao processo, foram feitas diversas tentativas de retirar Azevedo do cargo de presidente da Câmara Municipal. Pedidos foram protocolados junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) pela denunciante, Nely Aquino, e pelo vice-presidente da Câmara, Juliano Lopes, que herdaria automaticamente a cadeira mais importante do Legislativo belo-horizontino. Todos os pedidos foram negados.

O que diz Gabriel Azevedo?

O presidente da Câmara Municipal disse, em nota, aguardar o desfecho da situação “com tranquilidade”, e apontou a tentativa de cassação como “desespero” de Marcelo Aro e Juliano Lopes.

Aguardo, com tranquilidade, o desfecho do processo de cassação iniciado há quase três meses. Em relação à decisão do vereador Juliano Lopes, subserviente a Marcelo Aro, de pautar mais um pedido de cassação do meu mandato parlamentar já extrapola o desespero e o ridículo. Como no caso anterior, não há fundamentos para tal. Com um processo em andamento e sabendo da falta de votos para concretizar essa farsa, aceitar mais um processo não apenas demonstra que sabem que não vão obter sucesso na empreitada, como planejam prolongar a chantagem usando Belo Horizonte como moeda de troca para obter vantagens. A sanha usurpadora do vice-presidente da Câmara Municipal envergonha a instituição, prejudica a cidade e precisa parar. De acordo com as regras, a análise sobre a cassação ocorrerá na primeira reunião ordinária seguinte, ou seja, dia 1° de dezembro de 2023. Para abertura do processo são necessários 21 votos. O procedimento já é conhecido. O truque de baixo nível é que já ficou bem velho. Tal parlamentar envergonha o juramento que fez ao tomar posse.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.