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Pacheco ainda não marcou sessão do Congresso adiada e que discutirá vetos ao marco temporal

Sessão aconteceria nesta quinta-feira (26) e não contemplaria o veto do presidente Lula ao marco temporal; nova reunião será marcada

Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, adiou sessão marcada para quinta-feira

O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu adiar a sessão marcada para quinta-feira (26), quando deputados e senadores discutiriam os vetos impostos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às matérias que partiram do Legislativo. A nova sessão ainda não está marcada, afirmou Pacheco nesta quarta-feira (25), na chegada ao gabinete da presidência do Senado. “Houve convergência nesse sentido de cancelar. Marcaremos a nova data em breve”, declarou.

A sessão acabou adiada após pressão da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) que queria a inclusão da discussão sobre o veto parcial de Lula ao Projeto de Lei (PL) do marco temporal no encontro marcado para quinta-feira. Entretanto, não haveria tempo hábil. “A expectativa é que se exerça a vontade da maioria do Congresso Nacional. É importante dirimirmos, é uma grande controvérsia nacional. É obrigação dos Três Poderes resolver esse problema para bem dos povos originários, para bem da produção agrícola no Brasil”, pontuou.

Veto ao marco temporal acentua disputas

O presidente Lula vetou parcialmente o Projeto de Lei do marco temporal aprovado no Congresso Nacional. O parecer do petista respeita o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucional essa tese jurídica. Por outro lado, a Frente Parlamentar da Agropecuária, a maior interessada no assunto, defende que irá derrubar os vetos.

Imbróglio nos Três Poderes

A discussão sobre a fixação da data da promulgação da Constituição Federal de 1988 como marco para demarcação de territórios indígenas atravessava o Congresso Nacional há 16 anos, e era pauta no STF desde 2009. Em setembro, a Corte decidiu considerá-la inconstitucional e rejeitou a tese do marco temporal. Na contramão, seis dias depois, 34 entre 66 senados presentes decidiram que a proposta é, sim, constitucional. As divergências entre os poderes Judiciário e Legislativo acirraram as tensões, e membros da oposição pressionaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a propôr uma ofensiva contra o Supremo sob a alegação de que os ministros têm legislado sobre discussões de competência do Congresso.

O que é o marco temporal?

Rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e aceito pelo Congresso Nacional, o marco temporal é uma tese jurídica que prevê que os povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam ou disputavam na data da promulgação da Constituição Federal de 1988 – 5 de outubro de 1988. Os ministros contrários à tese do marco temporal sustentam, em geral, que a própria Carta reconhece o direito das populações indígenas à terra e deve garantir a permanência delas nesses territórios.

Por outro lado, a proposta de lei aprovada no Congresso, o PL 2.903/2023, sustenta que devem ser consideradas terras indígenas aquelas áreas ocupadas por povos originários na data de promulgação da Constituição.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.