O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), condenou o
uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para perseguição de adversários políticos do governo Jair Bolsonaro (PL), o que acontecia segundo investigação da Polícia Federal (PF) que resultou em operação nesta sexta-feira (20). “Soube da operação apenas pela imprensa. Acho que o trabalho da Justiça deve ser independente, igualmente o da polícia de investigação”, afirmou. “Pelos indícios apresentados do uso de uma instituição de Estado para esta finalidade de perseguição política é algo gravíssimo que deve ser exemplarmente reprimido”, declarou após sessão de debates no plenário do Senado Federal.
A
polícia prendeu nesta manhã dois servidores da Abin investigados por usar ilegalmente um sistema de monitoramento da agência para espionar adversários políticos do então presidente Jair Bolsonaro.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, juízes e advogados constam na lista de alvos da prática criminosa. Ao longo da manhã, vinte e cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos em quatro estados — Goiás, Paraná, São Paulo e Santa Catarina — e no Distrito Federal. Entre os alvos estava
Caio César dos Santos Cruz, filho do general Carlos Alberto Santos Cruz, que ocupou a chefia da Secretaria de Governo de Bolsonaro.
Caio César, aliás, é apontado pela Polícia Federal como o representante do grupo israelense do qual a Agência Brasileira de Inteligência adquiriu o FirtsMile. Esse sistema, adquirido durante o governo Michel Temer, permitia a geolocalização de celulares e deveria ser usado mediante autorização judicial. Entretanto, o programa espião foi operado ilegalmente durante a gestão do diretor Alexandre Ramagem, aliado de Bolsonaro e hoje deputado federal eleito pelo Partido Liberal.
Após a operação da Polícia Federal, a Abin informou em nota que colabora com a corporação para identificar os responsáveis pelas ilegalidades praticadas. A agência declarou que, além dos dois presos, outros cinco servidores citados na investigação foram afastados de suas funções. O órgão argumentou ainda que a corregedoria interna conduziu uma investigação própria para identificar as operações irregulares realizadas com o FirtsMile.