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Projeto que aumenta ICMS de produtos ‘supérfluos’ passa em última comissão vai à votação final na Assembleia

Texto passou pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária nesta quarta, após sessão de mais de 10 horas de duração

Deputados exibiram, em reunião, produtos considerados supérfluos que será sobretaxados pelo Governo de Minas

Os deputados estaduais de Minas Gerais já podem votar, em segundo turno, o projeto de lei (PL) que aumenta o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de produtos considerados supérfluos.

Nesta quarta-feira (27), após negociação que começou durante a manhã e se arrastou até o fim da tarde, o texto foi aprovado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa. O aval do comitê é a última etapa antes da análise final em plenário, que pode acontecer já nesta quinta-feira (28).

O texto sobre o estabelecimento de uma alíquota adicional de dois pontos percentuais sofreu uma alteração para a votação final. Isso porque houve a inserção de dispositivo que “carimba” parte da arrecadação com o tributo.

Como mostrou a Itatiaia, deputados de oposição ao governo Zema conseguiram incluir, no projeto, que parte da arrecadação com o adicional do ICMS seja destinado ao Fundo Estadual de Assistência Social (FEAS). Em negociação entre os oposicionistas e o líder da base de governo, João Magalhães (MDB), ficou decidido que o percentual para este Fundo será de 15% em 2024 e chegará a 25% em 2026, quando o ICMS adicional deixará de vigorar.

De acordo com Magalhães, a alteração teve aval do Palácio Tiradentes.

“Foi costurado junto ao governo, nada aconteceu que não fosse do conhecimento do governo. Parlamento é para sentar, conversar, ouvir e foi isso o que fizemos nos últimos dias. Produzimos um texto que talvez não seja o ideal para todo mundo, mas que teve votação da maioria dos deputados na comissão”, afirmou o emedebista.

O governador Romeu Zema (Novo) deseja estabelecer alíquota adicional de dois pontos percentuais sobre os itens não essenciais. Assim, o ICMS que incide sobre produtos como bebidas alcoólicas, cigarros, cosméticos e armas, subiria de 25% para 27%.

Para o líder da oposição a Zema, o deputado Ulysses Gomes (PT), o apoio do governador à proposta escancarou a “incoerência” da gestão do partido Novo à frente do Executivo estadual.

“No fim das contas, o governo continua mentindo para a sociedade. Defende que é contra imposto e está o governador Romeu Zema, do Novo, aumentando imposto em Minas Gerais de produtos que ele identifica como supérfluos, mas que são essenciais à vida do povo: celulares, produtos de higiene pessoal que se usa a todo momento, produtos que a sociedade, ao longo do tempo, tornou-se essencial, como caso do celular”, avaliou..

Sem ração, mas com outros produtos

A proposta vai chegar ao plenário para o segundo turno com mudanças em sua redação. No primeiro turno, João Magalhães (MDB), relator do texto e líder do governo, retirou, do projeto, a incidência da alíquota complementar sobre rações para pets.

A reivindicação foi encampada por parlamentares da oposição, entidades de defesa animal e, até mesmo, por deputados governistas.

Houve pleitos pela retirada de outras mercadorias, como vinhos, produtos de higiene pessoal e refrigerantes. A lista de bens sobre os quais o ICMS complementar vai incidir, porém, não sofreu novas mudanças. Confira a lista:

  • cosméticos

  • produtos de higiene pessoal

  • smartphones

  • bebidas alcoólicas

  • refrigerantes

  • cigarros

  • armas e munições

Durante as conversas, iniciadas pela manhã, mais de 130 emendas chegaram a ser apresentadas. As que foram acolhidas, como a que trata do Fundo da Assistência Social, acabaram inseridas ao relatório de João Magalhães.

Segundo o líder de governo, as conversas sobre possíveis mudanças no teor do projeto vão seguir nesta quinta, durante a etapa de plenário da tramitação.

O que prevê o projeto que aumenta o ICMS em Minas Gerais?

O projeto do ICMS foi colocado em pauta no plenário da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (26), para ser votado em primeiro turno pelo conjunto de deputados estaduais de Minas Gerais. A proposta assinada por Romeu Zema é reestabelecer uma alíquota extra de dois pontos percentuais sobre os produtos supérfluos.

Assim, o ICMS desses bens saltaria de 25% para 27%, em alguns casos. A lista de itens impactados pelo aumento tem, por exemplo, bebidas alcoólicas, refrigerantes, cigarros e smartphones.

O Palácio Tiradentes espera obter uma arrecadação anual de até R$ 1,2 bilhão com o aumento tributário. Para defender a proposta, o poder Executivo se ampara no fato de o ICMS complementar ter sido criado por Antonio Anastasia (à época no PSDB) e renovado por Fernando Pimentel (PT). Zema, em seu primeiro mandato, também prorrogou a vigência da alíquota.

Zema defende aumento do ICMS

O governador Romeu Zema defendeu a aprovação da proposta, mas nega a reconhecer que o projeto se trata, de fato, de um aumento de imposto. O chefe do Executivo estadual tenta amenizar o efeito negativo da pauta ao dizer que a cobrança adicional já ocorria desde 2011 e vigorou até o fim do ano passado.

Durante um evento no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, nesta semana, questionado por jornalistas sobre a expectativa para a votação do projeto de lei, Zema disse esperar “sabedoria” dos deputados estaduais.

Em entrevista coletiva, o governador afirmou que gostaria de reduzir o tributo sobre todos os itens que circulam no estado, mas atribuiu, à situação financeira do estado, a necessidade de estabelecer percentual extra sobre os produtos não essenciais.

“Gostaria, como governador, amanhã, de mandar um projeto de lei que reduzisse o ICMS de tudo. O povo mineiro não está satisfeito. Agora, se as contas não fecharem, será que eu estaria fazendo o certo?”, questionou.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.