O governador Romeu Zema (Novo) disse nesta quarta-feira (9) que quer que interesses de Minas Gerais e dos demais estados do Sul e do Sudeste sejam atendidos, assim como acontece com outras regiões do Brasil. O governador afirmou ainda que está com a consciência limpa sobre a repercussão de sua entrevista no final de semana, na qual pede maior protagonismo político desses estados e também sugeriu que as críticas a ele são relacionadas às eleições de 2026.
A entrevista de Zema ao jornal Estado de S.Paulo foi criticada por políticos da direita à esquerda.
Questionado sobre o tema em uma entrevista após evento em Poços de Caldas, no Sul de Minas, o governador criticou a manchete escolhida pelo jornal e afirmou que quem leu a matéria “entendeu muito bem” o que ele quis dizer. Foi a primeira vez que o governador comentou o caso fora das redes sociais.
“Acho que nós tivemos uma manchete muito infeliz por parte do jornal. Da mesma maneira que outras regiões, nós queremos que os interesses de Minas, do Sudeste e do Sul sejam atendidos. Estou com a minha consciência limpa. Gosto muito de trabalhar e me parece que nós temos muita gente preocupada no Brasil em criar polêmica e em preocupar com a próxima eleição”, declarou Zema.
O governador também classificou a situação como “intriga”. “Acho que o Brasil vai ganhar mais se a gente tiver políticos trabalhando em vez de ficar aí fazendo esse tipo de comentário, que não é, na minha opinião, muito adequado”, disse.
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Entenda o caso
Na entrevista ao Estadão, Zema defendeu a atuação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), formado por Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos, ‘não senhor’. Nós queremos (votação) proporcional à população. Por que (com) sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, falou.
Em outro momento da conversa, o governador fez uma espécie de analogia e se referiu aos estados nordestinos e nortistas como “vaquinhas que produzem pouco”. “Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento. É preciso tratar a todos da mesma forma”, pontuou.
Críticas
As falas de Zema geraram reações. O senador Otto Alencar (PSD-BA), por exemplo, chamou o discurso do político do Novo de “divisionista” e “repugnante”. O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), líder do Consórcio Nordeste, também rebateu o governador de Minas.
“Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, (o governador de Minas) indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, disse o paraibano.
Lideranças eleitas por outras regiões brasileiras, como o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também refutaram a tese de Zema. “Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, escreveu ele na rede social.