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Reunião com secretários na ALMG é encerrada em meio à manifestação da segurança pública

Assembleia marcou reunião com Igor Eto, Luísa Barreto e Gustavo Barbosa, mas sessão curta foi marcada por clima tenso com protesto da segurança

Servidores da segurança marcaram presença em sessão na Assembleia, que foi adiada

A reunião de prestação de contas do trabalho realizado pelas secretarias de Governo, de Fazenda e de Planejamento, durou pouco mais de 20 minutos na tarde desta segunda-feira (19) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O presidente da reunião, Zé Guilherme (PP) encerrou a reunião em meio a palavras de ordem de manifestantes da segurança pública de Minas Gerais. Ele afirmou que uma nova data será marcada.

Integrante da base de Zema, Zé Guilherme ameaçou suspender a reunião por diversas vezes se os manifestantes não fizessem silêncio durante a fala dos secretários Igor Eto (Governo), Luísa Barreto (Planejamento e Gestão) e Gustavo Barbosa (Fazenda). Como o pedido não foi cumprido, ele encerrou a reunião.

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Pressão por reajuste

As forças de segurança pública cobre que o governo Zema conceda 35% de recomposição salarial, percentual referente ao período que se iniciou em 2015. Desde então, a segurança pública recebeu 13% em 2020 e 10% em 2022. Nos demais anos, não houve reajuste.

Integrante da base de Zema, Zé Guilherme ameaçou suspender a reunião por diversas vezes se os manifestantes não fizessem silêncio durante a fala dos secretários Igor Eto, Luísa Barreto e Gustavo Barbosa. Como o pedido não foi cumprido, ele encerrou a reunião.

“Infelizmente, não foi possível continuar. Eu tive que encerrar a sessão porque não se ouvia o que o secretário falava. Os deputados que estavam na sessão não conseguiam ouvir. Vinham ataques até pessoais aos secretários. Ficou inviável”, disse ele em entrevista após o ocorrido.

“A gente sabe que os servidores públicos merecem uma atenção especial do governo. O governo estuda a melhor forma, o maior percentual possível, para ser concedido. As negociações ainda estão em andamento. O governo é que sabe até onde pode chegar, porque temos leis de responsabilidade fiscal”, acrescentou Zé Guilherme.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem como “base comprada”, “se o Zema não pagar, a polícia vai parar” e “Luísa Barreto, cadê o meu dinheiro”, em referência à secretária de Planejamento.

O deputado Sargento Rodrigues (PL) criticou o fim da reunião e afirmou que Zé Guilherme protegeu os secretários.

“Vocês estão pedindo que eles sejam educados quando o governador tem um aumento de 298% enquanto o servidor está de mãos abanando. Qual seria a reação esperada?”, questionou ele.

Ainda de acordo com o parlamentar, a segurança pública vai intensificar o procedimento de “estrita legalidade” anunciado na semana passada.

“Há uma indignação muito grande, muito forte. E isso acaba, por consequência, fazendo que com que a polícia vá tirar o pé do acelerador, vá fazer a estrita legalidade”, disse ele. “Quem sofre mais com isso é o cidadão, mas é uma responsabilidade do governador, que tem que responder isso aqui. Hoje, eles não aguentaram sequer uma cobrança do servidor”, continuou Sargento Rodrigues.

Promessa de obstrução

Ele afirmou que não pode falar pela bancada da segurança pública, mas que ele irá obstruir os trabalhos das comissões e do plenário. Isso significa que o deputado vai utilizar todas as ferramentas possíveis para atrasar e atrapalhar a tramitação de projetos de interesse do governo Zema.

O parlamentar disse que essa postura durará até o governo Zema e os secretários se posicionarem sobre o reajuste para a categoria.

O deputado Sargento Rodrigues (PL) criticou o fim da reunião. Ele afirmou que Zé Guilherme protegeu os secretários.

“Vocês estão pedindo que eles sejam educados quando o governador tem um aumento de 298% enquanto o servidor está de mão abanando. Qual seria a reação esperada?”, questionou ele.

“A atitude dos secretários e do próprio deputado Zé Guilherme é a prova que a ALMG está atrofiando em enquanto poder e voz do cidadão”, acrescentou o parlamentar.

Mudança de local

A reunião seria realizada inicialmente no Auditório José Alencar, onde há mais espaço para o público. Porém, o local foi alterado para o Plenarinho IV, onde a área destinada aos deputados é cercada por um vidro.

Em contrapartida, há menos cadeiras para o público, que teve que acompanhar a reunião por meio de uma TV.

“A segurança da Casa me procurou e disse que recomendava que se mudasse o local. Eu não trato de segurança. Quem trata disso são os órgãos especializados em segurança. Por isso é que foi mudado”, disse Zé Guilherme.

Sargento Rodrigues criticou a alteração e declarou que, como deputado estadual deade 1999, já presenciou manifestações com muito mais pressão.

“Ficou muito mais o interesse de proteger os secretários de uma cobrança direta do que realmente fazer o papel da Assembleia. Não adianta usar o slogan ‘Poder e Voz do cidadão’ quando o cidadão vem aqui, os deputados vão embora e o deputado encerra a reunião. É vergonhoso”, disse ele.