Ouvindo...

Dino pede à Polícia Federal que investigue manipulação de resultados no futebol

MP de Goiás denunciou 16 pessoas, entre apostadores e jogadores de futebol, que estariam envolvidos em esquema

Flávio Dino disse ter determinado à PF abertura de inquérito sobre manipulação de jogos

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), determinou que a Polícia Federal instaure, ainda nesta quarta-feira (10), um inquérito para investigar os indícios de manipulação de resultados no futebol. Em uma rede social, o ministro disse que os casos ganharam repercussão interestadual e internacional e que uma apuração deve ser conduzida pela PF.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio de nota, disse ter acionado o Ministério da Justiça e a Presidência da República pedindo apuração dos fatos e centralizar as investigações.

“A CBF ressalta que, tão logo estejam comprovados os fatos, espera que as sanções cabíveis por parte do STJD sejam tomadas de forma exemplar. Mais uma vez, a entidade reforça que o campeonato não será suspenso, mas defende que a punição de atletas e demais participantes do esquema de fraudes aconteça de forma veemente”, disse a entidade, em nota.

A ação do ministro da Justiça ocorre um dia depois de o Ministério Público de Goiás denunciar 16 pessoas - entre apostadores e jogadores de futebol - supostamente envolvidas em um esquema de manipulação de resultados. A investigação do MP levantou indícios sobre 13 partidas de futebol, das séries A e B e de campeonatos estaduais.

Leia mais:

Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Goiás tiveram acesso a troca de mensagens entre supostos integrantes da quadrilha e jogadores de futebol por meio da Operação Penalidade Máxima II.

Como funciona o esquema de apostas

O esquema envolvia a promessa de pagamento de dinheiro caso os atletas forçassem o recebimento de cartões amarelos ou cometessem pênaltis. De outro lado, os supostos integrantes da quadrilha fariam apostas para que pudessem obter lucros com as ações tomadas dentro de campo.

Dentre os jogadores denunciados pelo MP, estão Eduardo Bauermann, Victor Ramos, Paulo Miranda, Fernando Neto e Igor Cariús. Nas últimas horas, no entanto, conversas envolvendo jogadores de outros times foram reveladas e levantaram suspeitas sobre um alcance ainda maior do esquema de manipulação de resultados.

Os integrantes apontados como pertencentes à quadrilha são Bruno Lopez de Moura, Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro, Victor Yamasaki Fernandes, Zildo Peixoto Neto, Gabriel Ferreira Neris, Romário Hugo dos Santos, Pedro Gama e Matheus Phillippe Coutinho Gomes.

Eles são podem responder à Justiça por dar ou prometer vantagem para “alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva”. Apontados como líderes da quadrilha, Bruno e Luís Felipe foram enquadrados por 13 vezes no mesmo artigo do Código Penal.

Câmara pode investigar esquema

Além do Ministério Público de Goiás e da Polícia Federal, uma outra investigação sobre o esquema de manipulação de resultados pode ser aberta. Na Câmara dos Deputados, parlamentares já recolheram assinaturas suficientes para tirar do papel a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas.

A iniciativa é do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) autorizou a abertura da CPI no dia 26 de abril. No entanto, para que a comissão saia do papel, falta um despacho do próprio parlamentar.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.