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Vereadores apontam inconsistências em depoimento de servidora e questionam perdão de dívida de IPTU de Kalil

CPI dos Abusos do Poder na PBH investiga irregularidades na gestão do ex-prefeito Alexandre Kalil

Vereadores questionam servidores da PBH sobre perdão de dívidas do IPTU concedido ao ex-prefeito Kalil

Os vereadores da CPI dos Abusos de Poder na Prefeitura de BH ouviram na manhã desta quinta-feira (23) a servidora Ana Paula Chaves Lemos, da Secretaria Municipal de Política Urbana, que falou sobre o processo de perdão de dívidas de IPTU do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

Os parlamentares citaram inconsistências no depoimento e questionam o motivo do perdão concedido pela PBH.

“Nós estamos em um processo de apuração do porque o perdão de dívidas de IPTU foi dado ao ex-prefeito Kalil justamente durante sua gestão. Ele veio a público que devia e disse que todo mundo deve. Só que durante sua gestão, essa dívida de IPTU de 20 anos atrás, foi perdoada. Agora estamos querendo saber o que levou a procuradoria do município a dar esse perdão ao ex-prefeito Kalil, coisa que não foi dada para outros proprietários”, afirmou o vereador Wesley Moreira (PP), presidente da CPI.

Além de Ana Paula Lemos, outros dois servidores (Eugênio Fernandes, da Subsecretaria de Receita Municipal, e Lucas Ribeiro Horta, da Superintendência de Desenvolvimento da Capital) haviam sido convocados para depor na CPI nesta quinta-feira, mas não compareceram.

“O depoimento de hoje foi controverso, ela começou falando que era apenas uma quadra, que não existia subdivisões, depois admitiu que haveria sim subdivisões. Demonstrou falta de coerência nas suas respostas. Infelizmente, não foi possível ouvir o senhor Lucas Horta, engenheiro que assinou todo um atestado comprobatório para a Sudecap, e o senhor Eugênio, que falaria pela procuradoria, está de férias e será chamado o mais breve possível”, afirmou o presidente da comissão.

Segundo Wesley, a prefeitura de BH informou que o engenheiro Lucas Horta não foi encontrado para prestar seu depoimento. “Nós precisamos encontrá-lo, porque ele tem sua assinatura em um documento muito importante para esse processo”, disse.

Na próxima semana, os vereadores esperam ouvir o advogado Rodolfo de Lima Gropen, que presidiu o Conselho de Ética Pública da PBH.

Procurado para comentar os desdobramentos da CPI, o ex-prefeito Alexandre Kalil não se manifestou.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que “encaminhou previamente à Câmara Municipal ofício comunicando que o Subsecretário da Receita Municipal, Eugênio Eustáquio Veloso Fernandes, está em férias e não poderia comparecer à reunião da CPI. Já Lucas Ribeiro Horta foi prestador de serviços na Sudecap e não faz parte dos quadros da PBH”.

Agência de turismo

Além das apurações sobre os motivos do perdão da dívida de IPTU do ex-prefeito, a CPI apura também supostos favorecimentos a Kalil por empresas que fecharam contratos com a prefeitura durante sua gestão.

Na semana passada, a CPI ouviu a empresária Eloá Maria Starling Mendes Ribeiro, dona de uma agência de turismo que teve contratos com a PBH na gestão de Kalil e admitiu ter pago por viagens pessoais do ex-prefeito.

Eloá é dona da Unitour Universal Turismo Ltda. que, em 2017, assinou um contrato com a prefeitura, durante a gestão de Kalil, no valor de R$ 1,2 milhão em uma licitação emergencial.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.