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Nesse cenário, a otimização da flotação (processo físico-químico essencial para separar minerais valiosos do estéril) é a fronteira onde a batalha pela eficiência é travada. Para entender como a indústria pode superar essas limitações, a Itatiaia conversou com André Luis Pimenta de Faria, coordenador e pesquisador do Centro de Inovação e Tecnologia para Ímãs de Terras Raras (CIT Senai ITR).
Ele desenha um panorama onde a tecnologia não substitui o operador, mas lhe confere “superpoderes” de decisão e onde a química verde começa, timidamente, a pedir passagem.
Os três gargalos da produção
Para Pimenta de Faria, antes de falar em futuro, é preciso resolver o presente. O especialista elenca os três maiores obstáculos que impedem as usinas de atingirem seu potencial máximo hoje. O primeiro é a variabilidade do minério. A imprevisibilidade da alimentação que chega à usina exige um controle fino que muitas plantas ainda não possuem.
O segundo ponto crítico é a liberação inadequada. Se o minério não for moído na medida certa, a recuperação falha. Pimenta de Faria nota que, embora tecnologias como a moagem vertical avancem, a integração entre moagem e flotação nem sempre é otimizada.
Por fim, há o desafio dos dados. A operação com informações incompletas ou baseada apenas na observação visual ainda é uma realidade que compromete a estabilidade do processo.
Inteligência artificial e inovações
Quando o assunto é modernização, o imaginário comum remete a robôs operando sozinhos. A realidade prática, contudo, é mais sutil e colaborativa. De acordo com o coordenador do CIT Senai,
As inovações que já fazem a diferença no dia a dia incluem:
- Câmeras de espuma: avaliam cor, textura e velocidade, correlacionando esses dados com a recuperação de minério;
- Analisadores online: permitem ajustes de moagem e dosagem de reagentes quase em tempo real;
- Soft sensors: modelos de aprendizado de máquina que estimam variáveis difíceis de medir fisicamente e sugerem ajustes operacionais
"É uma jornada gradual, não uma mudança instantânea”, pontuou à Itatiaia Pimenta de Faria, lembrando que plantas altamente tecnológicas convivem com operações que ainda dão os primeiros passos na digitalização.
Química verde e sustentabilidade
A pressão por processos mais limpos também impulsiona a busca por novos reagentes. Embora a inovação nessa área seja incremental, o pesquisador vê potencial nos chamados “reagentes verdes”.
Soluções como biossurfactantes produzidos por microrganismos e polímeros naturais derivados de lignina ou amido já mostram resultados interessantes. “Essas alternativas já são testadas por algumas usinas e podem ajudar a melhorar seletividade e reduzir impacto ambiental”, afirmou o especialista.
Otimização com baixo custo
Para gestores que precisam otimizar plantas com orçamentos restritos (Capex baixo), o conselho de André Luis é voltar ao básico: o diagnóstico. Investir em equipamentos caros sem entender a mineralogia é um erro comum. A dica está em olhar para o processo de forma integrada.
“O maior ganho com menor investimento quase sempre começa por um diagnóstico mineralógico e metalúrgico completo”, afirmou. Isso envolve desde a análise de liberação até a revisão dos pontos de consumo de reagentes. “Só esse alinhamento operacional costuma gerar ganhos significativos antes mesmo de qualquer Capex relevante”, concluiu o especialista.
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