A transição para uma economia de baixo carbono já é uma realidade em Minas Gerais. Projetos que envolvem captura de CO₂, produção de hidrogênio verde e eficiência energética vêm transformando a forma como as indústrias operam, reduzindo emissões e custos, e ao mesmo tempo gerando novas oportunidades tecnológicas.
Segundo Luiz Cláudio de Melo Costa, pesquisador em Descarbonização do Centro de Inovação e Tecnologia do Senai-MG (CIT SENAI), diversas iniciativas mineiras colocam o estado entre os líderes nacionais em inovação climática.
“A captura de carbono funciona como um filtro inteligente instalado em indústrias, que separa o CO₂ dos demais gases emitidos. Depois de isolado e comprimido, esse gás pode ser armazenado, transformado em combustíveis sintéticos ou até reaproveitado em produtos como plásticos e cimento”, explica à Itatiaia.
Capturar o carbono e gerar energia limpa
As tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS ou CCUS) permitem reduzir diretamente as emissões industriais. O CO₂ pode ser armazenado em formações geológicas, usado em poços de petróleo, convertido em combustíveis verdes, ou mesmo aplicado na construção civil incorporado a blocos e cimentos, reduzindo a pegada ambiental desses materiais.
Outra frente de destaque é o hidrogênio verde, apontado como o combustível do futuro. Ele é produzido por meio da eletrólise da água, processo que separa hidrogênio e oxigênio utilizando energia proveniente de fontes limpas, como solar, eólica ou hidráulica.
“É como extrair energia da própria água e devolvê-la à natureza em forma de vapor, sem poluir o ar”, explica o pesquisador. “O hidrogênio verde pode substituir combustíveis fósseis em indústrias pesadas, gerar eletricidade em locais isolados e até abastecer veículos.”
Com a abundância de fontes renováveis e a força do setor industrial, Minas Gerais reúne as condições ideais para o avanço dessa nova economia, com indústrias já testando rotas de hidrogênio verde para reduzir emissões e aumentar competitividade.
Eficiência que faz diferença
Além de tecnologias avançadas, mudanças simples também podem gerar impacto significativo. De acordo com Luiz Cláudio, a eletrificação de equipamentos, a troca por lâmpadas mais eficientes e o reaproveitamento de calor em sistemas térmicos, como caldeiras, são medidas que reduzem tanto o consumo de energia quanto as emissões de CO₂.
“É como ajustar o motor de um carro: ele roda a mesma distância, mas gasta menos combustível”, compara.
Essas ações têm trazido resultados expressivos para os setores industriais mineiros, que vêm adotando fontes renováveis como solar e biogás, e investindo em economia circular, transformando resíduos antes descartados em novos insumos.
Desafios e parcerias para o avanço
Apesar dos avanços, o pesquisador lembra que ainda há desafios a superar, especialmente os altos custos de investimento, limitações de infraestrutura e falta de regulação consolidada.
O Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) e o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH²) são apontados como importantes passos nesse processo.
“Em Minas Gerais, a colaboração entre o CIT SENAI e parceiros da indústria gera soluções aplicadas, além de formar mão de obra qualificada por meio de projetos de P&D e cursos de aperfeiçoamento”, ressalta Luiz Cláudio.
Entre os destaques dessa colaboração está o ESCALAB, iniciativa conjunta do CIT SENAI e do Departamento de Química da UFMG, que transforma pesquisas científicas em soluções tecnológicas escaláveis e negócios inovadores.
Com ações que vão da substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas à eletrificação de processos industriais, Minas Gerais consolida-se como um polo de inovação sustentável.
“Resíduos que antes eram descartados hoje viram insumo, e o calor das chaminés é reaproveitado para gerar energia. São medidas que reduzem custos e emissões, tornando o estado um exemplo para o país”, destaca o pesquisador.
O Senai impulsiona soluções inovadoras para uma economia de baixo carbono. Fale com a gente agora mesmo: