A perspectiva global é de que a temperatura média aumente entre 1,2°C e 1,9°C, segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês). No Brasil, esse aquecimento afeta diretamente o sistema elétrico, desde os recursos naturais usados na geração de energia, como chuvas, ventos e irradiação solar, até o perfil de consumo da população e dos setores produtivos.
Antecipando os impactos desse cenário, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, elaborou um estudo que busca antecipar riscos e orientar políticas públicas. O objetivo é evitar falhas no fornecimento de energia, reduzir custos operacionais futuros e garantir uma transição energética justa, com atenção especial às regiões mais vulneráveis, como o Nordeste.
Resultados
O relatório indica que a temperatura média tende a aumentar em todo o país, o que provocará um crescimento da demanda elétrica. As regiões Sudeste e Nordeste devem sofrer os impactos mais significativos de aumento de carga, enquanto o Sul pode registrar leve redução no consumo durante os meses frios, cerca de 1%, em função do menor uso de aquecimento.
De forma geral, o estudo projeta elevação de 3% a 4% na demanda de energia elétrica nos meses mais quentes, podendo chegar a 5% a 6% nos cenários mais extremos de aquecimento. Caso o planejamento do setor continue baseado em dados climáticos do passado, o país poderá enfrentar maiores custos operacionais, riscos de interrupção no fornecimento e agravamento das desigualdades regionais.
O estudo defende que a adaptação antecipada é técnica e economicamente viável, e propõe ações de planejamento climático, diversificação da matriz e políticas sociais como caminhos para fortalecer a resiliência do sistema elétrico brasileiro frente às mudanças do clima.

