De acordo com um relatório elaborado pela EPE em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), os próximos dez anos devem ser marcados por um crescimento expressivo do setor elétrico, com expansão prevista em todas as classes de consumo, residencial, industrial, comercial e demais segmentos.
No consumo residencial, estima-se que o Brasil alcance 254 TWh em 2035 no cenário de referência, o que representa um crescimento médio de 3% ao ano. Esse aumento é impulsionado pela expansão das unidades consumidoras e pelo crescimento populacional. Em condições menos favoráveis, o consumo deve chegar a 232 TWh, enquanto em um ambiente econômico mais dinâmico pode atingir 368 TWh.
Na indústria, o consumo de eletricidade é fortemente influenciado pela presença de setores eletrointensivos, como a metalurgia e a química. O estudo prevê 272 TWh de consumo na rede em 2035 no cenário de referência, podendo variar de 252 TWh a 368 TWh entre os cenários inferior e superior. A metalurgia deve crescer 2,2% ao ano, impulsionada pela produção de ferro e aço; a indústria química, 2,7%; o setor de cimento, 2,3%; e o de papel e celulose, 1,8%.
O setor comercial e de serviços também deve apresentar expansão significativa, com crescimento médio de 4,7% ao ano e consumo projetado de 179 TWh em 2035 no cenário de referência. Em um contexto de economia mais aquecida e digitalização acelerada, o crescimento pode chegar a 7,8%, refletindo o avanço do setor de tecnologia da informação. Já as demais classes de consumo, que englobam atividades rurais, administração pública, saneamento e iluminação pública, devem alcançar 136 TWh no mesmo período, com crescimento médio de 4,2% ao ano.
No total, o consumo agregado de todas as classes deve atingir 842 TWh em 2035, com expansão média de 3,5% ao ano. A distribuição entre os setores mostra o perfil diversificado da demanda elétrica: 31% residencial, 34% industrial, 19% comercial e 15% outras classes.
Cargas especiais
Um destaque importante do estudo é o papel crescente das chamadas cargas especiais, que incluem veículos elétricos, data centers e projetos de hidrogênio verde. Embora ainda representem pequena parcela do consumo nos cenários inferior e de referência (1,2% e 1,4%, respectivamente), essas cargas podem atingir 12,9% do total no cenário superior, refletindo um avanço expressivo na eletrificação da economia e na atração de novos investimentos tecnológicos.

