Chegando em BH, 99food nega concorrência desleal e afirma ser alvo de espionagem

Empresa entra no mercado de delivery na capital mineira, enquanto protagoniza uma ‘guerra’ com os concorrentes no cenário nacional

A empresa 99 lançou nesta quinta-feira (13) sua operação da 99food, nova plataforma de delivery, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em meio a uma “guerra” com outros concorrentes, a empresa nega acusações de concorrência desleal e afirma que também enfrenta casos de espionagem.

Atualmente, o Ifood domina 80% do mercado, e a chinesa Keeta, recém chegada no Brasil, faz investimentos bilionários para competir. Nesse meio, a 99food tem expandindo e busca alcançar 100 cidades até o metade de 2026, e com BH já chega em três capitais: São Paulo e Goiânia.

Com a disputa intensa pelo mercado consumidor, a 99 chegou a ser acusada pela Keeta de estar entrando no mercado com contratos de semi-exclusividade que impedem estabelecimentos de assinarem com a empresa, mas libera o negócio com o Ifood. Segundo o diretor sênior de comunicação, Bruno Rossini, a Justiça já reconheceu que as práticas da 99 são legais.

“A gente tá desafiando as práticas de mercado, desafiando o que tem sido feito pelos players, e a gente vem tentando fazer isso com muita transparência e conversando com os clientes da cadeia. O Tribunal de Justiça de São Paulo acabou de dar uma decisão de apoio aos argumentos da 99, garantindo que as nossas práticas são legais e que estão em acordância com as leis”, disse em entrevista exclusiva à Itatiaia.

Rossini afirmou, por outro lado, sem citar as concorrentes, afirmou que a empresa também é alvo de espionagem. A Keeta, que começou a operar no início de novembro, também revelou que é alvo de episódios em que suspeitos se passam por funcionários da empresa em visita a restaurantes para fotografar os sistemas e colher informações. Ambas as empresas trabalham com as autoridades para investigar os casos.

Segundo Rossini, a 99 teve computadores com informações confidenciais furtados, funcionários perseguidos e tentativas de hacking em seus sistemas. “A gente lançou investigações internas e trabalhamos com as autoridades e com a polícia para apurar a questão”.

“Isso existe não só para corromper as nossas informações, mas para tentar diminuir o ritmo da nossa expansão. A gente está lançando a terceira capital no Brasil e pretende continuar, porque temos um objetivo muito claro: ser a nova opção e devolver a rentabilidade aos beneficiários para quem faz a cadeia girar”, afirmou.

Conheça a operação na Grande BH

A 99food vai operar em seis cidades da Grande BH, além da capital: Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Ibirité e Nova Lima. A empresa está fazendo um investimento de R$ 100 milhões para contar com uma rede de 2,700 bares e restaurantes, e apoiar cerca de 46 mil entregadores.

A operação não vai cobrar comissionamento para os restaurantes que já se inscreveram para operar na plataforma, por um prazo de 24 meses, enquanto os próximos estabelecimentos terão o benefício por mais 12 meses. A 99food também oferece frete grátis em pedidos selecionados e oferece descontos que podem chegar a até R$ 99 durante o lançamento.

Para os entregadores, a empresa vai oferecer R$ 250 por dia para quem completar 20 corridas, sendo pelo menos 5 de comida por dia. Ela também oferece incentivos que podem variar de R$ 6 a R$ 10 reais no primeiro mês de lançamento.

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Segundo Rossini, o objetivo é gerar valor para a cadeia do delivery e fazer o mercado crescer, e se consolidar como uma nova opção de entrega de comida no mercado. “Uma opção que chega para fazer diferente, que desafia o que tá acontecendo no mercado até agora, com práticas que são abusivas aos restaurantes, que cobram mais dos consumidores e que não oferecem tanta oportunidade de ganho para os entregadores”, afirmou.

Ele afirma que entrar em Belo Horizonte é um marco para a empresa, uma vez que a capital tem um “cenário gastronômico gigantesco”. “Você estabeleceu uma oferta de entrega de comida na cidade que é conhecida por ser a capital dos bares, onde as pessoas comem bem demais, é um marco para a gente ganhar momento e ir para o resto do Brasil”, completou.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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