A inflação no preço do café atingiu 1.524% em 25 anos, de acordo com uma pesquisa do Mercado Mineiro. O levantamento analisou o preço do pacote de café nos supermercados de Belo Horizonte e Região Metropolitana.
Em 2000, o pacote de café custava em média R$ 2,02. Atualmente, em 2025, o mesmo produto é encontrado por valores que ultrapassam R$ 30, alcançando a média de R$ 32,81, apontou o levantamento
Segundo o economista e diretor do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, o impacto do produto básico na mesa do mineiro e a dimensão do aumento supera o de muitos outros itens essenciais, como a carne.
“O aumento de 1.524% é realmente assustador. O café é um produto extremamente tradicional, mineiro, a gente não consegue ficar sem café,” disse Abreu em entrevista à Itatiaia. "É um aumento bem acima da inflação que é um produto básico, um produto popular. Praticamente a carne não teve esse aumento, outros produtos não tiveram esse aumento tão grande”.
Veja os valores do café, analisados pelo Mercado Mineiro:
| Ano | Preço (R$) café 500g |
| 2000 | 2,02 |
| 2010 | 5,35 |
| 2020 | 8,75 |
| 2025 | 32,81 |
Segundo o economista, a pesquisa não visa apenas quantificar o custo do café, mas também alertar o consumidor sobre a perda do poder de compra do real ao longo do tempo.
“A questão [da pesquisa] é para mostrar o consumidor o tanto que o real vem perdendo o valor. Hoje você paga mais de R$ 30 no pacote de café, o mesmo café. Isso é para assustar mostrar a preocupação que o consumidor tem que ter com essa inflação,” pontuou.
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Abreu explicou que o café tem uma tendência histórica de alta e nunca reduziu seu preço na série analisada, sendo pressionado por fatores internacionais e climáticos:
- Aumento da demanda mundial: crescimento do consumo, impulsionado pela entrada de grandes mercados como a China, eleva a demanda pelo café brasileiro e, consequentemente, o preço.
- Oferta e clima: café é uma commodity vulnerável às condições climáticas, como chuva e falta de oferta em períodos de sazonalidade, o que interfere na produção e encarece o produto final.
O diretor ressaltou que, embora a valorização seja positiva para o produtor — “acaba virando literalmente ouro em pó", brincou Abreu —, ela pesa no orçamento doméstico, já que o café é essencial e muitas vezes “energiza” o trabalhador.
A orientação para o consumidor é manter a cultura de pesquisar preços e trocar de marca sempre que possível, como forma de mitigar o impacto da inflação.