Como usar o 13º salário para começar a investir?

Depósito da segunda parcela do décimo terceiro salário deve ocorrer até a próxima sexta-feira (19), beneficiando 95,3 milhões de brasileiros

Pagamento da gratificação natalina é o momento ideal para os primeiros passos no mercado

Milhões de brasileiros devem receber até sexta-feira (19) a segunda parcela do 13º salário ou o pagamento integral do benefício dos trabalhadores formais. O momento é ideal para adiantar os presentes de fim de ano, pagar contas, montar uma reserva de emergência, e, principalmente, mesmo começar a investir um dinheiro.

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 95,3 milhões de brasileiros, trabalhadores, aposentados e pensionistas, são contemplados com a gratificação natalina. Em média, o valor adicional é de R$ 3.512,00, valor mais do que suficiente para começar a aplicar no mercado financeiro.

Dados da B3, a bolsa de valores brasileira, o valor médio do primeiro investimento mensal é de R$ 505 para mulheres, contra R$ 195 para os homens. Porém, é possível aplicar em títulos de renda fixa a partir de R$ 1, como os cofrinhos de bancos que rendem mais do que as taxas de Certificados de Depósito Interbancários (CDIs), ou em títulos do Tesouro Nacional, considerado o investimento mais seguro do Brasil por ser garantido pela União.

Segundo o especialista de renda fixa do banco Inter, Rafael Winalda, o importante no momento de investir o 13º salário é fazer uma análise “honesta” da própria situação financeira. De acordo com ele, um dos erros mais comuns dos investidores iniciantes é destinar recursos para aplicação enquanto ainda carregam dívidas caras.

“A primeira pergunta que eu me faria é: eu vou precisar desse dinheiro? Muitas pessoas utilizam o décimo terceiro para pagar as contas no começo do ano, material escolar, IPTU, IPVA. Se sim, o mais preferível seria começar com ativos de alta liquidez, pós-fixados, CDBs (Certificado de Depósito Bancário), Tesouro Selic”, explicou o especialista à Itatiaia.

Reserva de emergência

Na avaliação de Winalda, mesmo que a pessoa não precise desse dinheiro para organizar a vida financeira, é interessante começar a montar primeiro uma reserva de emergência que possa cobrir as despesas pessoais. Nesse sentido, é recomendável que sigam na mesma linha de ativos de alta liquidez, que podem ser sacados sem muitos problemas.

“Montar sua reserva de emergência é muito fundamental. É o primeiro passo na carteira do investidor. Ela deve ser por ativos líquidos de baixo risco e baixa volatilidade, e aí o pós-fixado cabe muito bem. Mas qual? O Tesouro Selic é o principal, é a porta de entrada, ou o CDB de um grande banco”, destacou.

Ao escolher investir em CDB, por exemplo, é importante escolher um banco sólido e seguro, que não tenha problemas financeiros ou de alavancagem. O CDB é o principal título das instituições financeiras, vendidos aos investidores para que eles financiem os bancos e recebam uma taxa de juros em retorno. Cabe lembrar que a modalidade é protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Uma reserva de emergência é pessoal, não havendo um valor específico para ser montada. Contudo, alguns especialistas apontam que o ideal é uma reserva que esteja entre 6 a 12 salários do investidor. O valor seria necessário para cobrir emergências. “Eu entendo que é muito pessoal, pode ser uma quantidade que deixe a pessoa confortável”, ressaltou Rafael Winalda.

Para além da reserva

Montou uma reserva de emergência, o especialista recomenda que o investidor começe a olhar para títulos fixados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. Os títulos IPCA+ são ativos de longo prazo, que rendem mais conforme mais tempo o dinheiro fica aplicado.

“É um ativo de longo prazo que tem volatilidade, mas é de muita importância para preservar o dinheiro dele contra a inflação. Ele vai ter uma taxa que rende a inflação mais uma taxa mais prefixada. Os títulos do governo, que são mais seguros, são encontrados em IPCA + 7%. Historicamente, isso é uma rentabilidade muito elevada. Aí o investidor começa a fazer o pé-de-meia dele pensando na aposentadoria”, explicou o especialista.

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A aplicação depende do perfil do investidor e da estratégia adotada. Um investidor mais conservador, pode optar por alocar 95% dos seus recursos em renda fixa nacional, e outros 5% em renda fixa internacional. Um perfil moderado já pode optar por investir 77% em renda fixa, 10% em fundos multimercados com gestão profissional, 10% em renda fixa internacional, e outros 3% em produtos alternativos, como criptomoedas.

Já o perfil arrojado tende a começar a investir em renda variável, com cerca de 12,5% em ações brasileiras e 5% em ações internacionais. Mas no geral, esse investidor deve optar por investir 55% dos recursos da carteira em renda fixa, 17% em fundos, 7,5% em renda fixa internacional, e outros 5% em alternativas.

“Um investidor que está dando seus primeiros passos, é melhor começar do mais simples, do mais básico primeiro. Ir para investimentos mais arriscados só quando ele tiver uma carteira minimamente montada”, completou Winalda.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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