Governo acompanha tarifaço do México, mas medidas não devem atingir o acordo automotivo

Senado do México aprovou uma lei que aumenta em 50% as tarifas de importação de uma série de produtos

Automóveis são itens de um acordo comercial entre Brasil e México

O governo brasileiro acompanha de perto o desenrolar da reforma tarifária do México, que deve aumentar as tarifas de importação de todos os países que não possuem acordo livre comércio com o país. Em nota conjunta, os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e das Relações Exteriores, divulgada nessa sexta-feira (12), afirmaram que a medida preocupa, mas ainda aguardam a publicação do texto final da lei para avaliar os impactos.

Segunda a nota, a primeira avaliação é de que a elevação tarifária não deverá afetar o comércio bilateral do setor automotivo, principal pauta na balança entre os dois países. O segmento conta com um acordo setorial de livre comércio: o acordo de complementação econômica número 55 (ACE 55).

“As possíveis medidas do Governo mexicano, contudo, causam preocupação de que o aumento tarifário possa erodir as preferências bilaterais existentes para outros setores e impactar negativamente o comércio e investimentos entre os dois países, a depender das listas finais publicadas”, disse o governo.

O aumento de tarifas foi aprovado pelo Senado mexicano na noite de quarta-feira (10), elevando as taxas de importação de cerca de 1.463 produtos de 17 setores. Inicialmente, a proposta aprovada na Câmara dos Deputados aumentava ou imporia novas tarifas de até 50% a partir de 2026, mas a maioria foi reduzida para entre 20% e 35%. Apenas casos específicos a tarifa inicial foi mantida, como no caso dos automóveis.

A medida ocorre em um momento de pressão dos Estados Unidos sobre o México, como forma de atingir o comércio chinês. A cobrança de 50% deve impactar principalmente a China, responsável pela venda de 20% de carros no México em novembro, segundo dados da Associação Mexicana de Distribuidores Automotivos.

Porém, o Brasil tem interesse em fortalecer as relações bilaterais com o México. Em agosto, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também na condição de ministro do comércio, liderou uma comitiva para se reunir com o governo da presidente Claudia Sheinbaum, com o objetivo de ampliar os acordos comerciais.

Atualmente, o comércio entre Brasil e México é regulado por dois acordos de complementação econômica: além do ACE-55, há também o ACE 53, que reduz ou elimina tarifas de importação de quase 800 produtos não automotivos. Segundo o governo, a balança comercial com o México foi de US$ 13,6 bilhões em 2024.

“Brasil e México mantêm relação econômica e política marcada por diálogo franco e visão estratégica compartilhada. Nesse contexto, o Brasil tem mantido contato com autoridades mexicanas para tratar dos possíveis efeitos das mudanças tarifárias”, disse a nota do governo.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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