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Haddad diz que Selic a 15% ao ano está ‘excessivamente restritiva’

Ministro da Fazenda fez críticas a política monetária adotada pelo Banco Central, mas afirmou ter ‘respeito institucional’

Haddad disse que seus comentários sobre a política monetária é ‘normal’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse nesta terça-feira (7) que a taxa básica de juros, a Selic, está “excessivamente restritiva” ao ser mantida a 15% ao ano pelo Comitê de Política Orçamentária do Banco Central (Copom). A declaração foi feita durante entrevista ao programa “Bom dia, ministro”, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

Apesar da crítica, Haddad disse que tem “respeito institucional” pela autoridade monetária, lembrando que o atual presidente da instituição, Gabriel Galípolo, foi seu secretário-executivo e foi indicado por ele próprio ao Banco Central.

"É absolutamente normal em uma democracia que a autoridade econômica manifeste sua opinião. Eu tenho dito que, na minha opinião, a taxa de juros está excessivamente restritiva. Isso é um desrespeito ao Banco Central? Não, o BC tem o trabalho dele, eu tenho respeito institucional independentemente de quem seja o presidente”, disse Haddad.

A Selic é a referência para as demais taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras. Quando ela está em patamares elevados, o restante do sistema financeiro nacional (SFN) segue a política monetária do Banco Central. Segundo o relatório de estatísticas monetárias e de crédito do BC, a taxa média de juros está em 31,8% ao ano.

O objetivo da política restritiva é desacelerar a economia e conter a inflação, limitando o acesso ao crédito e desestimulando o consumo das famílias. Contudo, Galípolo avalia que mesmo com a Selic em 15% ao ano, a economia segue resiliente. “Provavelmente, é o mercado de trabalho mais exuberante das últimas três décadas”, disse em palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC) nessa segunda-feira (6).

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.