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CNI diz que Selic a 15% ao ano é ‘duro golpe’ na economia

Setores produtivos alertam para queda na atividade econômica com a taxa básica de juros em patamares elevados

Setores afirmam que empresas podem reduzir investimentos

Diversas entidades do setor produtivo reclamam da manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, após decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC) nessa quarta-feira (5). Elas alertam para uma desaceleração da economia que pode afetar negativamente a geração de emprego e a atividade produtiva das empresas.

Em nota, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que a decisão do Copom é “mais um duro golpe na economia e na competitividade da indústria brasileira”. O executivo disse que não há justificativa técnica para manter a Selic em um patamar tão elevado, uma vez que está elevando os juros reais para quase 10%.

Alban destaca que a taxa inibe o investimento das empresas, afeta o consumo das famílias e penaliza especialmente as camadas de menor renda, elevando o chamado “custo brasil”. “É esse o preço que toda a sociedade paga por uma política de juros equivocada”, disse.

“Com os preços controlados e o investimento em queda, manter a Selic em 15% ao ano impede o Brasil de crescer. Não se trata apenas de prejudicar as empresas, mas de afetar milhões de brasileiros — sobretudo os de menor renda — que ficam sem acesso ao crédito e, portanto, sem capacidade de consumo”, completou.

Para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a Selic em 15% mantém o ambiente econômico sob “forte restrição”. A entidade destaca que o custo do crédito elevado afeta diretamente a capacidade das empresas de manter suas operações e planejar novos investimentos.

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, destaca que as empresas terão mais dificuldade para financiar capital de giro e investir em novos projetos. “Quando o consumo encolhe, a indústria sente o efeito em cadeia, postergando planos de expansão, e enfraquecendo a capacidade produtiva do país”, afirmou.

Construção Civil reduz projeção de crescimento

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou para baixo a previsão de crescimento do setor, de 2,3% para 1,3%, com efeitos do ciclo prolongado de juros altos. Em nota, a CBIC afirma que recebeu com preocupação a manutenção da taxa básica de juros em 15% , destacando que o prolongamento da Selic ameaça frear investimentos na construção e novos lançamentos imobiliários.

“A construção é um dos setores mais sensíveis ao custo do crédito e à confiança do consumidor. Uma Selic de 15% por um ciclo longo traz desafios, porque o setor depende de financiamento de longo prazo, e esse custo torna muitos projetos inviáveis”, explica o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.