O primeiro turno das eleições na Argentina mobilizou políticos brasileiros da direita e da esquerda. Parlamentares como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL) e Marcel van Hattem (Novo) foram ao país vizinho acompanhar o pleito de perto. A direita brasileira se uniu em torno do nome de Javier Milei que ficou em segundo lugar na disputa em segundo turno.
Já o candidato da situação, Sérgio Massa, que saiu na frente, tem apoio da esquerda. O atual ministro da economia argentino é benquisto, inclusive, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliado de primeira ordem do atual presidente Alberto Fernández.
A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e também é um aliado dentro do Mercosul. A vitória de Massa garantiria ao governo brasileiro a manutenção dos planos e apoio nas pautas propostas dentro do bloco. No entanto, a vitória de Milei significaria a chegada de mais uma voz dissonante dentro do grupo econômico. Atualmente, o presidente do Uruguai, o liberal Luis Lacalle Pou, tem feito este papel. Por enquanto, porém, ele é uma voz isolada.
Dolarização
Um dos pontos de discordância de Milei que podem virar um grande problema para o Brasil, caso ele seja eleito, é a defesa de uma dolarização da economia e, consequentemente, do bloco. A postura do argentino bate de frente com uma proposta, considerada prioritária por Lula, de criar uma moeda comum para o Mercosul. Além disso, o Brasil busca unidade do bloco, inclusive, para fechar o acordo com a União Europeia sem ceder às pressões impostas pelos europeus. O ministro Fernando Haddad (PT) chegou a dizer que acompanha “com interesse” as eleições no país vizinho por prezar pela “integração da América do Sul”.