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Seis mudanças diárias que fortalecem a microbiota intestinal e a saúde

Neurocientista destaca ações simples como alimentação, sono e contato com a natureza para melhorar o bem-estar físico e mental

Imagem ilustrativa

A saúde intestinal tem papel fundamental no equilíbrio do corpo humano, influenciando diretamente o sistema imunológico, o cérebro, os hormônios e o metabolismo. Segundo a Clínica Cleveland, dos Estados Unidos, o conjunto de trilhões de microrganismos que habita o organismo humano - a microbiota - é tão ativo que pode ser considerado quase um órgão.

“Todos temos bilhões de microrganismos vivendo dentro de nosso intestino, não só no estômago, mas também nos intestinos, garganta, boca, pele, olhos e fossas nasais”, explica o neurocientista Andrew Huberman, professor de neurobiologia em Stanford e criador do podcast Huberman Lab.

A diversidade da microbiota intestinal, ou seja, a variedade de espécies que habitam esse ecossistema, é um indicador chave de saúde. “Uma baixa diversidade é considerada sinal de disbiose e tem sido associada a doenças autoimunes, obesidade e distúrbios cardiometabólicos”, alerta Huberman.

Com base em evidências científicas e práticas cotidianas, o neurocientista lista seis hábitos que contribuem para uma microbiota mais equilibrada - com impactos diretos na saúde física e mental:

1) Consumo de alimentos fermentados

Huberman cita pesquisas realizadas por colegas da Universidade de Stanford, que mostraram que “os alimentos fermentados aumentaram a diversidade geral da microbiota intestinal e reduziram marcadores-chave de inflamação”. Entre as opções recomendadas estão: chucrute, iogurte natural, kimchi, kombucha, natto, kefir e conservas com culturas ativas e não pasteurizadas.

2) Incluir prebióticos e probióticos na dieta

Prebióticos são fibras fermentáveis que alimentam a microbiota existente; já os probióticos são microrganismos vivos que colonizam o intestino. Ambos podem ser combinados em simbióticos. “O microbioma intestinal é único e personalizado. Por isso, a suplementação afetará cada pessoa de forma diferente”, explica.

3) Dormir bem

“Tenho enfatizado o papel fundamental do sono na saúde geral”, afirma Huberman. O microbioma é sensível ao estresse, e um sono de qualidade, entre 6 e 9 horas por noite, é essencial para manter esse equilíbrio e reduzir processos inflamatórios.

4) Reduzir alimentos ultraprocessados

Alimentos industrializados, ricos em aditivos como emulsificantes, podem comprometer a mucosa intestinal, reduzir a diversidade microbiana e promover inflamação. A recomendação é priorizar uma dieta rica em alimentos integrais, vegetais fibrosos e alimentos fermentados.

5) Moderação no uso de adoçantes artificiais

Embora os efeitos em humanos ainda estejam sendo estudados, evidências em animais indicam que esses adoçantes podem alterar o microbioma. “Essas células [neurópodas intestinais] enviam sinais diferentes ao cérebro, dependendo se o açúcar detectado tem ou não calorias”, observa Huberman. Ele sugere observar a resposta individual ao excluir alguns adoçantes da rotina.

6) Evitar excesso de desinfecção

“Desinfetar excessivamente nossos ambientes ou usar antibióticos em excesso pode eliminar fontes benéficas de microbiota”, alerta o cientista. Ele defende o contato regular com a natureza, animais de estimação e outras pessoas como forma de nutrir a microbiota. “A exposição aos microrganismos ambientais é provavelmente essencial para educar nosso sistema imunológico”, conclui.

Huberman reforça que o equilíbrio da microbiota depende de múltiplos fatores: alimentação, sono, interação com o ambiente e uso consciente de suplementos.

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Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.