Um estudo da University College London, publicado na revista Nature, sugere que o Alzheimer pode ser transmitido por intervenção ou tratamento médico indevido.
A pesquisa relatou casos de pacientes do Reino Unidos que desenvolveram sintomas de demência precocemente, incluindo características consistentes com a doença, após receberem hormônios contaminados de cadáveres humanos durante o tratamento para crescimento, na infância.
O Alzheimer é uma condição neurodegenerativa crônica e progressiva que afeta principalmente a memória, o pensamento e o comportamento.
Os fatores de risco incluem envelhecimento, histórico familiar e genética. Mas, a partir de um experimento clínico, os cientistas constataram a possibilidade de transmissão iatrogênica em certas circunstâncias. Entenda:
Estudo
O experimento envolveu 1.848 crianças e adolescentes com deficiência de crescimento.
Os pacientes receberam injeções com um hormônio do crescimento extraído do cérebro de cadáveres.
O método era comum no passado, quando o hormônio de crescimento humano (HGH) era extraído da glândula de cadáveres humanos para uso terapêutico.
O HGH é crucial para o crescimento e desenvolvimento do corpo, e a sua falta pode resultar em uma estatura abaixo da média.
Antes do surgimento de técnicas para a produção sintética do hormônio, alguns tratamentos utilizavam a glândula encontrada no cérebro de cadáveres.
No entanto, crianças que receberam hormônio de crescimento (c-hGH) contaminado com quantidades significativas de beta-amiloide (Aβ) - uma proteína que se acumula no cérebro de pessoas com Alzheimer - desenvolveram ao longo da vida sintomas neurológicos, incluindo distúrbios cognitivos associados à doença.
Dos oito participantes do estudo da University College London, cinco desenvolveram sintomas de demência entre os 38 e 55 anos.
Os pesquisadores concluíram que a demência precoce nesse grupo não podia ser explicada por outros fatores e as suspeitas foram relacionadas à técnica usada com hormônios contaminados.
Estudos anteriores encontraram depósitos de placas beta-amiloide no cérebro de pessoas que receberam esses hormônios e em lotes armazenados em laboratório.
Novas possibilidades
Os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode impulsionar a pesquisa sobre diagnóstico e terapias para diversas formas de demência.
A possível ligação entre o hormônio do crescimento contaminado com beta-amilóide e o desenvolvimento de demência, como o Alzheimer, pode abrir caminho para a identificação precoce de condições neurodegenerativas e o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
Como, por exemplo, procedimentos médicos visando especificamente à formação de placas beta-amiloide no cérebro.
A pesquisa também destaca a importância de adotar medidas rigorosas de controle de qualidade e segurança em tratamentos médicos que envolvam produtos biológicos, como hormônios.
Participe do canal da Itatiaia no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular. Clique aqui e se inscreva.