Ouvindo...

Dia Mundial da Sepse: 85% dos casos e mortes ocorrem em países de baixa e média renda

Estudo alerta para atrasos no diagnóstico e falta de recursos que aumentam risco de óbito

A sepse já foi conhecida como ‘infecção no sangue’, e hoje é mais chamada de infecção generalizada

“A sepse aparece quando o corpo reage de maneira extrema a uma infecção. Pode afetar diferentes órgãos e colocar a vida em perigo”, explicou o médico Gustavo González, da Sociedade Argentina de Terapia Intensiva, ao site de notícias Infobae.

Pesquisadores da Austrália, Argentina e Canadá identificaram que 85% dos casos e mortes por sepse ocorrem em países da América Latina, África e Ásia. Cinquenta milhões de pessoas desenvolvem sepse no mundo a cada ano e onze milhões morrem por esta doença, 85% dos casos e mortes ocorrem em países de baixa e média renda, afirmaram os pesquisadores Ged Williams, Laura Alberto, Maysa Taha e Elizabeth Papathanassoglou.

O estudo, publicado na revista científica Intensive & Critical Care Nursing, apontou que a falta de recursos básicos como oxigênio, antibióticos e equipamentos para exames, assim como atrasos no atendimento, aumentam o risco de morte. “Identificamos atrasos substanciais para que os pacientes com sepse recebam exames e tratamentos fundamentais em países de baixa e média renda e reconhecemos a necessidade contínua de reduzir a desigualdade de atendimento em relação aos países de alta renda”, acrescentaram os autores.

Leia também

Sintomas da sepse incluem febre, calafrios, confusão, pressão baixa e dificuldade para respirar, mas nem sempre são reconhecidos rapidamente. O tratamento exige antibióticos, líquidos intravenosos e, em alguns casos, cuidados intensivos. Quanto mais rápido for iniciado, maiores as chances de sobrevivência.

O estudo também revelou enormes desigualdades na infraestrutura hospitalar. Em Bangladesh, há apenas 0,3 leitos de UTI por 100 mil pessoas, enquanto nos Estados Unidos são 25. Muitos hospitais dependem de familiares para fornecer insumos médicos essenciais. Apenas 38% tinham sistemas de alerta para diagnóstico rápido, e exames importantes demoravam dias para serem realizados.

Especialistas destacam a necessidade de prevenção e de melhor acesso a cuidados médicos. Medidas sugeridas incluem vacinação, acesso à água potável, redução do excesso de pessoas em casa, vias adequadas para ambulâncias e maior educação sobre os sinais da doença. “É importante considerar que os pacientes que sobrevivem à sepse podem ficar com sequelas que os impedem de voltar a trabalhar”, afirmou Facundo Gutiérrez, da Sociedade Argentina de Terapia Intensiva.

O Dia Mundial da Sepse, celebrado em 13 de setembro, reforça a importância da conscientização, do diagnóstico precoce e do acesso rápido ao tratamento contra o problema de sáude.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.