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Mito desfeito: beber uma taça de vinho por dia pode não ser benéfico para o coração

Um cardiologista aponta que é hora de rever a crença popular, que associa o consumo diário de vinho a benefícios cardiovasculares

Se você aprecia vinho, provavelmente já usou a justificativa de que uma taça por refeição faz bem à saúde do coração. Apesar de ser uma ideia amplamente difundida, inclusive entre alguns especialistas, a cardiologista espanhola Magdalena Perelló questionou essa prática, desmistificando um mito que se consolidou ao longo dos anos.

A origem dessa crença pode estar nos países mediterrâneos, onde o vinho é consumido com frequência. No entanto, Perelló ressaltou, em entrevista ao InfoSalus, que beber vinho diariamente não traz vantagens cardiovasculares e pode gerar mais efeitos negativos do que positivos.

Por que o consumo diário de vinho não é recomendado

Segundo Perelló, o ponto principal é que o vinho é uma bebida alcoólica e o álcool não é saudável para o coração. “Ele é tóxico, pode causar arritmias em doses elevadas e dilatar as câmaras cardíacas. Além disso, seu consumo está relacionado ao desenvolvimento de demência e de vários tipos de câncer”, explicou.

A médica também reconhece o aspecto social do vinho: em festas e celebrações, muitas pessoas sentem a pressão de consumi-lo. Por isso, ela considera aceitável o consumo ocasional, mas não recomenda torná-lo um hábito diário, devido aos riscos de doenças hepáticas e alguns tipos de câncer.

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Antioxidantes e alternativas mais saudáveis

Grande parte da fama do vinho se deve aos antioxidantes que ele contém, valorizados na dieta mediterrânea. Contudo, o benefício não vem do álcool. Outros alimentos podem fornecer antioxidantes de forma mais saudável, sem os riscos associados ao vinho.

Como obter antioxidantes sem álcool

A dieta mediterrânea, conhecida pelo alto teor de antioxidantes, está associada à maior longevidade e à prevenção de doenças crônicas. Em vez de buscar antioxidantes no vinho, é possível obtê-los por meio de frutas, vegetais, sementes, gorduras saudáveis e pequenas porções de proteínas animais.

O consumo de azeite de oliva extravirgem, por exemplo, ajuda a reduzir o colesterol e contribui para a prevenção de doenças como Alzheimer e demência. Populações com maior longevidade geralmente seguem dietas compostas majoritariamente por vegetais, com pouca proteína animal, limitando ou excluindo café, álcool e alimentos ultraprocessados.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.