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Pesquisadores ‘inventam’ a carne de porco com antioxidantes; entenda

Estudiosos da Universidade Federal de Santa Maria descobriram que suínos alimentados com bagaço de um tipo de fruta produzem carne mais vermelha, saudável e rica em compostos que previnem o envelhecimento

Os porquinhos adoraram a nova dieta à base de bagaço de uva

Porquinhos que comem bagaço de uva geram uma carne mais macia, saudável - em função da presença dos antioxidantes - e vermelhinha, atraindo os consumidores no açougue ou supermercado. Essa é a conclusão de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Eles comprovaram que suplementar a alimentação de suínos de corte com bagaço de uva, resíduo comum da produção vinícola do Rio Grande do Sul, é uma alternativa para uma produção mais sustentável e com uma carne de qualidade superior. carne desses. A pesquisa, publicada na revista “Anais da Academia Brasileira de Ciências”, também indica que essa suplementação gera uma carne mais saudável e macia para o consumidor. 🐷🐖

Para o experimento, foram utilizados resíduos de bagaço de uva da Cooperativa Agrária São José de Vinhos Jaguari, da cidade de Jaguari, preservados como silagem. O material foi misturado na ração dos animais na proporção de 200 gramas para cada quilo em base seca, que pode ser o milho, por exemplo.

Como foi a experiência? 🍇🍇🍇

Vinte e quatro suínos receberam a dieta e outros 24 não. Eles foram avaliados ao longo de 84 dias, criados em ambientes confinados e ao ar livre, com e sem acesso à vegetação, avaliando-se os seguintes aspectos:

  • qualidade
  • textura
  • coloração da carne dos animais após o abate
  • análise dos efeitos da dieta na carne suína, avaliando o teor de colesterol e o perfil de ácidos graxos.

    Ácidos graxos e colesterol não sofreram alteração

    Voluntários treinados também foram convocados para provar o produto. Os resultados indicam que:

  • O perfil de ácidos graxos e colesterol não se modificou com a suplementação, em comparação às taxas dos animais alimentados com dieta à base de soja e milho.
  • A inclusão de antioxidantes provenientes do bagaço de uva promoveu uma melhoria na qualidade da carne, tornando-a mais saudável.
  • Houve uma diminuição na oxidação lipídica das carnes armazenadas sob refrigeração, o que aumentou seu tempo de duração.
  • A carne dos animais suplementados com bagaço de uva foi considerada mais macia pelos provadores durante a análise sensorial do produto, o que foi confirmado pela análise de textura. Caroline Giuliani, da UFSM e autora do artigo, explica que “o consumidor final se beneficia com uma carne mais saudável devido aos antioxidantes presentes nos resíduos da uva.
  • O bagaço da uva tornou a carne mais vermelha e macia. 🍇🐷

Redução de custos para o produtor

A pesquisadora destaca, ainda, que o uso do bagaço pode ser vantajoso para os produtores de suínos. O resíduo descartado pelas vinícolas não tem custos, ao contrário das rações para animais compostas por milho e soja, sujeitas a variações de preço destes cereais. “O bagaço de uva reduz os custos para o produtor com a alimentação animal, sem alterar a qualidade da carne, além de gerar um produto mais sustentável”, complementa.

🍾🍷Com seus vinhos e espumantes reconhecidos, o Rio Grande do Sul é líder vitivinícola do Brasil, englobando as duas principais regiões produtoras do setor: a Serra e a Campanha Gaúcha, respectivamente. Com uma produção anual média de mais de 876 toneladas de uva, seus resíduos somam cerca de 25% da quantidade processada. 🍇🍇🍇🍇

Os resultados da pesquisa podem ser considerados para uma implementação do uso de resíduos de uva em larga escala nas indústrias vinícola e suína, segundo Giuliani, visto que oferecem uma alternativa para tornar essas produções mais sustentáveis. “As vinícolas brasileiras geram grandes volumes de resíduos, muitas vezes descartados sem tratamento, o que impacta o meio ambiente”, observa a pesquisadora. Por isso, “utilizar esses resíduos na alimentação animal proporciona um destino sustentável e um aproveitamento adequado para eles”.

(*) Com informações da Agência Bori.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.