Soja avança no RS e atinge 60% da área prevista, com lavouras em bom desenvolvimento

Tempo firme e umidade adequada favorecem implantação; milho e arroz também registram bom desempenho no campo

Lavouras de soja estão na fase de germinação e desenvolvimento vegetativo

A semeadura da soja avançou de forma significativa no Rio Grande do Sul, favorecida pelo predomínio de tempo seco e por chuvas pontuais, que mantiveram os níveis de umidade do solo adequados na maior parte das áreas produtoras. Segundo o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar, a área semeada de soja alcançou 60% da projetada pela Emater/RS, que indica o cultivo de 6.742.236 hectares de soja no estado na safra 2025/2026.

As lavouras de soja estão na fase de germinação e desenvolvimento vegetativo. O estande inicial segue uniforme, com boa emergência, resultado de condições de solo favoráveis e da realização de semeaduras dentro da janela preferencial da cultura. O quadro fitossanitário é estável. Há baixa pressão de esporos de ferrugem e ausência de registros relevantes de pragas ou moléstias. A ocorrência de ventos fortes dificultou a realização de pulverizações e gerou deriva de herbicidas para lavouras sensíveis.

Na região administrativa da Emater/RS de Erechim, cerca de 80% da área de soja está implantada, e as áreas já estabelecidas apresentam bom desenvolvimento inicial. Há registro de perdas localizadas em lavouras nos estádios V2 a V4, atingidas por granizo.

Na região de Ijuí, os trabalhos de implantação foram concluídos em pequenas propriedades, e as áreas médias e grandes seguem em finalização. O plantio tem sido escalonado de forma estratégica, estendendo-se até o fim da janela de semeadura.

Já na região de Santa Rosa, há grande variação de estabelecimento entre lavouras recém-semeadas e áreas com plântulas em V2 a V5. Os trabalhos foram interrompidos devido à redução da umidade superficial e aos ventos moderados.

Na região de Soledade, a semeadura atinge 85%. O estabelecimento das lavouras está muito bom, com emergência uniforme e estande adequado. A cultura não foi afetada por condições climáticas nas últimas semanas.

Milho

A semeadura do milho alcançou 85%. Desse total, 58% estão em desenvolvimento vegetativo, 29% em floração e 13% em enchimento de grãos. A cultura apresenta boas condições de desenvolvimento e o potencial produtivo se mantém. Algumas áreas sofreram leve estresse hídrico. Em lavouras irrigadas, o desenvolvimento está excelente, mas há preocupação com o déficit hídrico em áreas de sequeiro, principalmente na Fronteira Oeste. Muitas lavouras apresentam expectativa de produtividade acima da inicial, de 6.000 a 10.000 kg/ha. A Emater/RS estima o cultivo de 785.030 hectares com milho nesta safra e produtividade média de 7.370 kg/ha.

Já o milho de silagem ocupa 70% da área semeada, projetada pela Emater/RS de 366.067 hectares. Predominam áreas em fases iniciais, sendo 60% em germinação e desenvolvimento vegetativo, nos cultivos implantados em outubro e na última quinzena. A fase de floração corresponde a 29%, enquanto a de enchimento de grãos representa 11%, ambas com bom padrão fisiológico. A fase de maturação está incipiente, e não houve colheita no período.

Arroz e feijão

A semeadura do arroz avançou e atingiu aproximadamente 94% da área estimada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que é de 920.081 hectares. O avanço foi favorecido pela sequência de dias de tempo firme, que permitiu a entrada de máquinas em áreas antes encharcadas e a regularização dos trabalhos de preparo e plantio.

As lavouras estão nos estágios de germinação e desenvolvimento vegetativo. A continuidade da semeadura nas áreas remanescentes dependerá da manutenção do tempo firme e da viabilidade econômica de cada produtor, uma vez que parte dos cultivos previstos pode ser revista devido ao cenário de custos e preços.

O plantio do feijão 1ª safra alcançou cerca de 60% da expectativa inicial projetada pela Emater/RS, que é de 26.096 hectares. A área implantada deve ser ampliada no início de dezembro, período em que tradicionalmente se realiza o plantio nos Campos de Cima da Serra. Estão em desenvolvimento vegetativo 62% dos cultivos; em floração, 16%; em enchimento de grãos, 17%; e maturação, 5%. A colheita ocorre em pequenas áreas de autoconsumo, sem relevância estatística. No geral, o aspecto fitossanitário é considerado adequado. Pragas e doenças são monitoradas, sobretudo tripes e ácaros, que se favorecem do tempo seco.

Olerícolas

Na região administrativa da Emater/RS de Ijuí, as olerícolas seguem com bom desenvolvimento, mas aumentou a necessidade de irrigação devido à alta demanda hídrica, causada pela redução das precipitações e pelas temperaturas mais elevadas.

Na região de Frederico Westphalen, a produção de pepino e tomate ainda está baixa. Há perspectiva positiva de produtividade do tomate cereja. Houve aumento no rendimento das folhosas, mas é necessário manejo de doenças e pragas. Segue a produção de feijão-de-vagem e de milho-verde.

Já em Pelotas, no município-sede, as chuvas em pequenos volumes favoreceram o desenvolvimento das mudas transplantadas, não sendo necessária a utilização de irrigação nessas áreas. As temperaturas mais elevadas durante o dia e amenas à noite, assim como a adequada luminosidade (fotoperíodo), favoreceram o desenvolvimento vegetativo das culturas já implantadas. Para a grande parte das hortaliças, os valores de comercialização se mantiveram estáveis. Houve leve aumento de preços para alface e brócolis e diminuição para o repolho.

Bovinocultura

O ganho de peso dos animais da bovinocultura de corte foi favorecido pelas condições de bem-estar e de conforto dos rebanhos. Nos sistemas de cria, segue a assistência aos partos, que já se aproximam do final. A maioria dos lotes está em campo nativo, e os manejos reprodutivos avançam com intensidade, especialmente nas propriedades que utilizam inseminação artificial em tempo fixo (IATF) seguida de repasse com touros.

A condição corporal e a saúde dos rebanhos de leite estão adequadas, assim como a qualidade do leite. Foram realizados o controle de mastites e o manejo de ectoparasitas, apesar do aumento nos casos de infestação por moscas, especialmente mosca-dos-chifres, e de carrapatos em algumas propriedades. Em locais onde ocorre a transição das pastagens, foi necessário reforçar a alimentação com concentrados energéticos e proteicos até que as forrageiras anuais e perenes de verão atinjam condições de pleno pastejo.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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