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Tratamento contra obesidade exige cuidado com a saúde mental, afirma especialista

Psiquiatra destaca a importância do tratamento multidisciplinar da obesidade, considerando aspectos emocionais e biológicos da doença

Reprodução: Ableimages

A luta contra a obesidade no Brasil ganhou novos contornos com dados alarmantes: 56% da população está acima do peso. A médica psiquiatra e nutróloga, Angela Vianello, explicou durante o Programa Acir Antão, da Itatiaia, informações importantes sobre a complexidade desta condição.

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A especialista enfatizou que a obesidade é uma doença multifatorial, desmistificando a ideia de que está relacionada apenas à ingestão excessiva de alimentos ou à estética. ‘A obesidade é uma doença, ela precisa ser encarada e respeitada como uma doença’, afirmou Vianello.

A relação entre saúde mental e obesidade

Um dos pontos importantes abordados foi a estreita relação entre transtornos mentais e obesidade. Segundo Vianello, doenças como ansiedade, depressão e compulsão alimentar não só aumentam o risco de desenvolver obesidade, como também podem ser consequências dela, criando um ciclo vicioso difícil de quebrar.

O desafio do tratamento integrado

A abordagem do tratamento da obesidade, conforme a explicação da especialista, deve ser multidisciplinar. Não basta apenas focar na perda de peso; é fundamental tratar as questões emocionais subjacentes.

‘Se você simplesmente fornece um tratamento onde a pessoa vai ter um emagrecimento superficial, mas não são tratados esses transtornos mentais que estão relacionados ao desencadeamento, a chance dessa pessoa voltar a engordar é muito grande’, alertou Vianello.

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A médica também abordou o fenômeno da ‘fome emocional’, explicando como padrões psicológicos podem levar as pessoas a buscar comida como válvula de escape. Ela ressaltou a importância de distinguir entre fome real e emocional, um processo que muitas vezes requer mais do que apenas força de vontade.

O papel da medicação no tratamento

Quanto ao uso de medicamentos, incluindo as chamadas ‘canetas emagrecedoras', Vianello reconhece os avanços na área, com medicamentos mais modernos e com menos efeitos colaterais, mas alertou: ‘O medicamento não faz milagre, ele não trata a causa do desenvolvimento da doença’.

A especialista ressaltou que, embora os medicamentos possam ser uma ferramenta útil, o tratamento baseado apenas na prescrição dessas medicações pode levar à frustração. Além disso, o uso inadequado pode resultar em perda de massa muscular e deficiências nutricionais.

De acordo com a especialista, o tratamento eficaz da obesidade requer uma abordagem holística, considerando tanto os aspectos físicos quanto os emocionais da doença.

(Sob supervisão de Aline Campolina)

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Izabella Gomes é estudante de Jornalismo na PUC Minas e estagiária na Itatiaia. Atua como repórter no jornalismo digital, com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo.