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Redução da obesidade infantojuvenil pode reduzir cerca de 70 mil mortes até 2060

Médica deu dicas à reportagem de como reduzir a obesidade em crianças e adolescentes

Obesidade infantil pode causar mortes e doenças crônicas

A redução da obesidade em crianças e adolescentes em apenas 10% pode evitar cerca de 70,8 mil mortes até 2060, apontou um estudo do Instituto Desiderata.

A obesidade infantojuvenil caracteriza-se pelo “cúmulo excessivo de gordura corporal em crianças e adolescentes, resultante de um desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia”, apontou a médica Eliana Teixeira, pós-graduada em endocrinologia e nutrologia, especialista em emagrecimento, menopausa e saúde da mulher.

O diagnóstico da doença é feito por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) ajustado para idade é sexo. “Quando o IMC está acima do percentil 97 nas curvas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a criança é considerada obesa”, explicou.

Além do peso, o médico avalia composição corporal, histórico familiar, hábitos alimentares, rotina de sono, nível de atividade física e até exposições ambientais, como o uso excessivo de telas e a ingestão de ultraprocessados.

A obesidade pode dar à criança ou adolescente a chance maior de desenvolver doenças metabólicas precoces, como resistência à insulina, diabetes tipo 2, dislipidemia (colesterol e triglicérides altos), hipertensão arterial e doença coronariana precoce como infarto e AVC. Ela também pode causar impactos hormonais.

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Como reduzir a obesidade?

De acordo com a especialista, uma abordagem multifatorial, envolvendo família, escola, políticas públicas e profissionais de saúde possibilita a redução.

"É preciso rever a base alimentar - substituindo ultraprocessados por alimentos de verdade, ricos em nutrientes e com baixo índice glicêmico - e estimular o movimento diário, mesmo fora da academia. A escola tem papel fundamental: oferecer merendas saudáveis e incentivar atividades físicas regulares. O exemplo dentro de casa também é determinante: crianças tendem a reproduzir o comportamento alimentar dos pais”, afirmou.

“Políticas de conscientização, regulação da publicidade infantil e educação nutricional são ferramentas essenciais. Quando há desequilíbrios hormonais ou inflamatórios importantes, o acompanhamento médico e nutricional especializado permite personalizar o tratamento, inclusive com suplementação e correção metabólica, se necessário”, acrescentou.

A médica deu, ainda, cinco dicas para evitar a obesidade na infância:

  1. Alimentação natural e colorida: priorizar frutas, verduras, legumes e proteínas de boa qualidade. Evitar ultraprocessados e refrigerantes, mesmo em ocasiões especiais.
  2. Rotina e regularidade: estabelecer horários para as refeições, sono adequado e controle do tempo de tela, que deve ser limitado.
  3. Atividade física diária: incentivar brincadeiras ao ar livre, esportes e movimento - o sedentarismo é o grande vilão moderno.
  4. Ambiente familiar saudável: o exemplo dos pais é decisivo. Crianças aprendem mais pelo comportamento observado do que por orientações verbais.
  5. Acompanhamento médico regular: o acompanhamento preventivo com pediatra, endocrinologista ou nutrólogo ajuda a identificar precocemente alterações hormonais e hábitos inadequados, permitindo intervenções antes que o quadro se torne crônico.
Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.