Internado há duas semanas, o papa Francisco apresentou piora no quadro respiratório nesta sexta-feira (28) devido a uma crise de broncoespasmo.
Segundo o boletim do Vaticano, a crise isolada resultou em um episódio de vômito com aspiração e um ‘agravamento repentino do quadro respiratório’.
O que é broncoespasmo?
‘O broncoespasmo é a contração excessiva da musculatura lisa dos brônquios, resultando em estreitamento das vias aéreas e dificuldade na passagem do ar. Clinicamente, manifesta-se por sibilância [ruído na respiração], dispneia e sensação de opressão torácica’, explica a médica pneumologista da Saúde no Lar, Michele Andreata.
Segundo a médica, embora não seja ‘uma manifestação primária’ da pneumonia bilateral, pode ocorrer devido à inflamação, secreção excessiva ou hiper-reatividade brônquica em pacientes predispostos, como aqueles com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou asma - como é o caso do papa.
A crise com o papa, de 88 anos, é considerada mais grave devido idade avançada que compromete ‘a reserva fisiológica pulmonar e a capacidade de resposta imunológica, tornando infecções respiratórias mais severas’.
‘Além disso, a presença de comorbidades pode dificultar a recuperação e aumentar o risco de complicações, como insuficiência respiratória e necessidade de suporte ventilatório’, pontua Andreata.
Broncoaspiração
De acordo com o boletim desta sexta (28), o papa foi submetido imediatamente a uma broncoaspiração.
‘O Santo Padre foi prontamente submetido a uma broncoaspiração e iniciou a ventilação mecânica não invasiva, com uma boa resposta nas trocas gasosas’, informou o Vaticano.
Segundo a pneumologista, o processo envolve a aspiração imediata do material aspirado.
‘Muitas vezes com auxílio de broncoscopia para remoção eficiente das secreções, além de suporte ventilatório conforme a necessidade. O episódio descrito exigiu ventilação mecânica não invasiva, indicando que houve comprometimento respiratório significativo, mas com resposta favorável à intervenção’, explica a médica pneumologista.
Internação do papa
Internado há duas semana, desde o dia 14 de fevereiro, no Hospital Gemelli de Roma, o pontífice foi diagnosticado com pneumonia bilateral - que atinge os dois pulmões - no último dia 18.
Francisco também recuperou-se do quadro de insuficiência renal detectada nos últimos dias.
Segundo boletim desta sexta (28), o prognóstico do papa permanece reservado, ou seja, não há previsão de recuperação até o momento.
No entanto, Francisco ‘permaneceu sempre vigilante e orientado, colaborando com as manobras terapêuticas’.
Histórico de saúde do papa
O chefe da Igreja Católica, que assumiu o cargo em 2013, sofreu vários problemas de saúde nos últimos anos. As doenças o forçaram a adiar excursões ou descansar por alguns dias devido a dores no joelho e no quadril, e até mesmo a passar por uma cirurgia abdominal.
Em 2023, Francisco, que teve parte de um dos pulmões removido quando era jovem, ficou hospitalizado por três noites com bronquite e se recuperou com antibióticos. Quando ele era jovem, parte de um dos seus pulmões foi removido.
Em dezembro do mesmo ano, também devido a uma bronquite, o pontífice desistiu de participar na COP28 de Dubai, a grande reunião de cúpula anual do clima, organizada pelas Nações Unidas.