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Não é só camisinha! Conheça métodos para evitar ISTs no Carnaval

Camisinha ainda é o método mais efetivo de prevenir ISTs, mas não dispensa o uso de outras formas de prevenção

Durante o Carnaval, há um aumento na exposição a fatores de risco, como relações sexuais desprotegidas, muitas vezes motivada pelo consumo excessivo de álcool. Por isso, principalmente nessa época do ano, é preciso redobrar os cuidados com as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

As ISTs são transmitidas principalmente pelo contato sexual desprotegido, mas algumas podem ser passadas apenas pelo contato pele a pele, sem necessidade de penetração. Os sintomas podem variar de acordo com a infecção e, em muitos casos, não aparecem imediatamente, tornando o diagnóstico precoce ainda mais essencial.

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De acordo com o médico Eduardo Siqueira, membro da diretoria da Sogimig (Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), o sexo desprotegido “pode causar doenças como clamídia, gonorreia, tricomoníase, sífilis, HIV e HPV”, enumera.

Os sinais mais comuns incluem:

  • Corrimentos incomuns, de coloração amarelada ou esverdeada;
  • Feridas ou úlceras na região genital, anal ou bucal;
  • Coceira intensa na região íntima;
  • Dor ou ardência ao urinar;
  • Verrugas genitais, que podem ser um indicativo de HPV.

Formas de prevenção além da camisinha

A camisinha é a principal forma de prevenção, mas não é a única. Além disso, combinar o uso do preservativo com outro método diminui os riscos de contrair uma IST e até de uma gravidez não planejada. Segundo o médico, “ter um preservativo sempre à mão, estar com as vacinas em dia e conhecer os serviços disponíveis são formas de curtir o Carnaval com mais tranquilidade”, reforça. Além da camisinha, os foliões devem se atentar para as seguintes formas de se prevenir:

Vacinas contra HPV e hepatite B

O papiloma vírus humano (HPV) é uma IST e pode provocar câncer do colo do útero, pênis, região anal, orofaringe e verrugas genitais. Atualmente a vacina está disponível para:

  • Meninos e meninas com idade entre 9 e 14 anos, no esquema de dose única;
  • Indivíduos imunocomprometidos de 9 a 45 anos (Pessoas Vivendo com HIV e Aids -PVHA, Pacientes oncológicos e transplantados): com esquema de 3 doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (Segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
  • Pessoas de 15 a 45 anos de idade, do sexo biológico feminino e masculino, imunocompetentes vítimas de violência sexual: com esquema de 3 doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
  • Portadores de papilomatose respiratória recorrente (0-2-6 meses);
  • Usuários de PREP (0-2-6 meses).

Já a hepatite B, que também é uma IST, altamente transmissível nas relações sexuais desprotegidas. Além da camisinha, é necessário se prevenir tomando as três doses da vacina, que está disponível pelo SUS. Depois da primeira dose, o paciente deve tomar a segunda dose um mês depois e a terceira dose 6 meses após a primeira.

Qualquer pessoa pode fazer a vacina. Caso o paciente tenha tomado uma ou duas doses apenas, pode procurar uma Unidade Básica de Saúde para completar o esquema. A vacina está indicada também para todo o recém-nascido, de preferência nas 12 primeiras horas.

Uso de lubrificantes

Usar lubrificantes pode evitar a ocorrência de microfissuras na pele e, consequentemente, diminuir o risco de transmissão de ISTs. Essas infecções também são transmitidas por meio de contato direto com feridas ou lesões, assim como pelo contato de mucosas e secreções corporais contaminadas. Vale lembrar que a PrEP deve ser iniciada em até 72 horas após a exposição para ser eficaz.

Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)

Uma das formas de se prevenir do HIV é a PrEP, a Profilaxia Pré-Exposição. Ela consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o vírus da doença. O método combina dois medicamentos - tenofovir e entricitabina.

Existem duas modalidades de PrEP indicadas: a PrEP diária e a PrEP sob demanda.

  • PrEP diária: consiste na tomada diária dos comprimidos, de forma contínua, indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV;
  • PrEP sob demanda: consiste na tomada da PrEP somente quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose.

A PrEP é indicada, principalmente, nas seguintes situações:

  • Frequentemente deixa de usar camisinha em suas relações sexuais (anais ou vaginais);
  • Faz uso repetido de PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV);
  • Apresenta histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis;
  • Contextos de relações sexuais em troca de dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia, etc.
  • Chemsex: prática sexual sob a influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, Gama-hidroxibutirato (GHB), MDMA, cocaína, poppers) com a finalidade de melhorar e facilitar as experiências sexuais.

Para saber onde encontrar a PrEP, clique aqui.

Testagem regular

A testagem regular para ISTs é uma forma de prevenção e tratamento, permitindo o diagnóstico precoce e o início do tratamento. Existem os seguintes tipos de testes:

  • Testes rápidos: são práticos e fornecem o resultado em até 30 minutos. Podem ser feitos com uma gota de sangue na ponta do dedo ou com uma amostra de saliva;
  • Exames laboratoriais: são feitos com a coleta de sangue da veia e os resultados são mais detalhados, mas podem demorar um prazo maior para ficarem prontos.

É necessário fazer testes de ISTs nos seguintes casos:

  • Se teve sexo sem camisinha;
  • Se teve contato com sangue contaminado;
  • Se teve contato com objetos que furam ou cortam;
  • Se tem novos ou múltiplos parceiros sexuais;
  • Se tem um parceiro que foi diagnosticado com uma IST.

Mesmo quem não apresenta sintomas deve realizar exames após o Carnaval, especialmente se teve relações sexuais sem proteção. A testagem deve incluir: HIV, sífilis, HTLV e hepatites B e C. Os exames de rastreamento devem ser feitos a cada seis meses, independentemente do período de festas.

*Sob supervisão de Enzo Menezes


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Paula Arantes é estudante de jornalismo e estagiária do jornalismo digital da Itatiaia.
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