Durante o Carnaval, há um aumento na exposição a fatores de risco, como relações sexuais desprotegidas, muitas vezes motivada pelo consumo excessivo de álcool. Por isso, principalmente nessa época do ano, é preciso redobrar os cuidados com as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
As ISTs são transmitidas principalmente pelo contato sexual desprotegido, mas algumas podem ser passadas apenas pelo contato pele a pele, sem necessidade de penetração. Os sintomas podem variar de acordo com a infecção e, em muitos casos, não aparecem imediatamente, tornando o diagnóstico precoce ainda mais essencial.
De acordo com o médico Eduardo Siqueira, membro da diretoria da Sogimig (Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), o sexo desprotegido “pode causar doenças como clamídia, gonorreia, tricomoníase, sífilis, HIV e HPV”, enumera.
Os sinais mais comuns incluem:
- Corrimentos incomuns, de coloração amarelada ou esverdeada;
- Feridas ou úlceras na região genital, anal ou bucal;
- Coceira intensa na região íntima;
- Dor ou ardência ao urinar;
- Verrugas genitais, que podem ser um indicativo de HPV.
Formas de prevenção além da camisinha
A
Vacinas contra HPV e hepatite B
O
- Meninos e meninas com idade entre 9 e 14 anos, no esquema de dose única;
- Indivíduos imunocomprometidos de 9 a 45 anos (Pessoas Vivendo com HIV e Aids -PVHA, Pacientes oncológicos e transplantados): com esquema de 3 doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (Segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
- Pessoas de 15 a 45 anos de idade, do sexo biológico feminino e masculino, imunocompetentes vítimas de violência sexual: com esquema de 3 doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
- Portadores de papilomatose respiratória recorrente (0-2-6 meses);
- Usuários de PREP (0-2-6 meses).
Já a
Qualquer pessoa pode fazer a vacina. Caso o paciente tenha tomado uma ou duas doses apenas, pode procurar uma Unidade Básica de Saúde para completar o esquema. A vacina está indicada também para todo o recém-nascido, de preferência nas 12 primeiras horas.
Uso de lubrificantes
Usar lubrificantes pode evitar a ocorrência de microfissuras na pele e, consequentemente, diminuir o risco de transmissão de ISTs. Essas infecções também são transmitidas por meio de contato direto com feridas ou lesões, assim como pelo contato de mucosas e secreções corporais contaminadas. Vale lembrar que a PrEP deve ser iniciada em até 72 horas após a exposição para ser eficaz.
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
Uma das formas de se prevenir do HIV é a
Existem duas modalidades de PrEP indicadas: a PrEP diária e a PrEP sob demanda.
- PrEP diária: consiste na tomada diária dos comprimidos, de forma contínua, indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV;
- PrEP sob demanda: consiste na tomada da PrEP somente quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose.
A PrEP é indicada, principalmente, nas seguintes situações:
- Frequentemente deixa de usar camisinha em suas relações sexuais (anais ou vaginais);
- Faz uso repetido de PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV);
- Apresenta histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis;
- Contextos de relações sexuais em troca de dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia, etc.
- Chemsex: prática sexual sob a influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, Gama-hidroxibutirato (GHB), MDMA, cocaína, poppers) com a finalidade de melhorar e facilitar as experiências sexuais.
Para saber onde encontrar a PrEP, clique
Testagem regular
A
- Testes rápidos: são práticos e fornecem o resultado em até 30 minutos. Podem ser feitos com uma gota de sangue na ponta do dedo ou com uma amostra de saliva;
- Exames laboratoriais: são feitos com a coleta de sangue da veia e os resultados são mais detalhados, mas podem demorar um prazo maior para ficarem prontos.
É necessário fazer testes de ISTs nos seguintes casos:
- Se teve sexo sem camisinha;
- Se teve contato com sangue contaminado;
- Se teve contato com objetos que furam ou cortam;
- Se tem novos ou múltiplos parceiros sexuais;
- Se tem um parceiro que foi diagnosticado com uma IST.
Mesmo quem não apresenta sintomas deve realizar exames após o Carnaval, especialmente se teve relações sexuais sem proteção. A testagem deve incluir: HIV, sífilis, HTLV e hepatites B e C. Os exames de rastreamento devem ser feitos a cada seis meses, independentemente do período de festas.
*Sob supervisão de Enzo Menezes