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Vereadores acusam Parada LGBT de BH de ‘financiar ideologias partidárias’ e pedem bloqueio de recursos

Na procuração, os parlamentares defendem que o Cellos-MG, entidade que realiza a Parada na capital, precise comprovar o cumprimento de uma decisão anterior, que limitou em R$ 100 mil o repasse da prefeitura para o evento

Parada já havia sido questionada na Justiça pelos mesmos vereadores

Os vereadores Pablo Almeida (PL) e Uner Augusto (PL) fizeram, nesta segunda-feira (21), um pedido à Justiça para que a punição contra a Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte e seus organizadores seja ampliada. Os dois acusam o evento de dar espaço a políticos de esquerda discursarem e de usar dinheiro público para “financiar ideologias partidárias”.

Na procuração, os parlamentares defendem que o Cellos-MG, entidade que realiza a Parada na capital, precise comprovar o cumprimento de uma decisão anterior, que limitou em R$ 100 mil o repasse da prefeitura para o evento, frente aos R$ 450 mil inicialmente previstos.

O juiz defendeu, em decisão da última quinta-feira (17), que não há indícios de irregularidades ou superfaturamento na contratação do Cellos-MG, mas não enxergou justificativa suficiente para manter o valor determinado, de R$ 450 mil.

Ainda, os vereadores requerem que o valor total seja bloqueado. “Que em razão do desvio de finalidade no uso do recurso público, que seja a liminar ampliada para a integralidade deste, inclusive estabelecendo multa diária por seu descumprimento”, diz trecho da petição.

O vereador Pablo Almeida defende que o evento, realizado nesse domingo (16), promoveu o ataque ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O que vimos nesse domingo foi o uso de dinheiro público, desses R$ 100 mil, para financiar ideologias partidárias e o uso por parlamentares desse dinheiro para se promoverem e atacar a oposição. Diante dessas provas, protocolamos ao juiz da causa um pedido para que ele determine também a devolução desse valor de R$ 100 mil e ainda oficiar ao MP para que investigue atos de improbidade administrativa”, defende.

Ele questiona ainda se a prefeitura será “conivente” com a prática. “Esse é realmente o rumo que o prefeito quer dar para a nossa cidade, onde a ideologia política de grupos de esquerda irão sobrepor a utilização do dinheiro público para os interesses reais da cidade?”, finaliza.

No documento, são citados os vereadores Pedro Rousseff (PT), Iza Lourença (PSOL) e Juhlia Santos (PSOL), acusados pelos correligionários de xingar o ex-presidente e autopromoção. Também são citadas a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL), a deputada estadual Bella Gonçalves e a deputada federal Duda Salabert (PDT). O documento ainda acusa a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, de fazer uma participação de “conteúdo político” na Parada.

Rousseff se defende das acusações de autopromoção e critica a procuração dos colegas de Câmara. “Eu queria saber se, quando políticos de direita sobem no palco de eventos religiosos com dinheiro público, é ou não conteúdo político. Para fantoches como esses vereadores, só vale quando é do lado deles. Fico muito feliz em ver uma Parada do Orgulho cheia e mobilizada. Seguirei apoiando toda festa que defenda o amor e a diversidade”, pontua.

Duda Salabert também criticou os parlamentares. “As ruas de BH estão cheias de buracos. É papel de vereador resolver esse problema. Vão tapar buraco! A cidade agradece”, disse.

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.