O ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro afirmou, nesta quarta-feira (17), em sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que guardava “provas” de “irregularidades” quando trabalhava próximo ao ministro Alexandre de Moraes.
“Desde que eu entrei no tribunal, eu já percebi que o trabalho ali não era de acordo com os meus princípios, ainda mais por pedir para deletar mensagens. Eu sou perito e trabalho com provas, eu não apago as provas. Então eu resolvi guardar tudo porque eu sabia que lá na frente eu poderia divulgar isso caso algo errado acontecesse”, declarou.
Tagliaferro também disse durante sua fala que Moraes “não tem condições” de continuar dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), por ser, em sua visão, uma pessoa “injusta”.
“Ele [Moraes] não tem condições de continuar dentro do Supremo Tribunal Federal, ele não tem a menor condição de ser um advogado, de ser qualquer pessoa relacionada ao Direito, porque ele é uma pessoa injusta. Ele não tem condições nem de ficar num Brasil livre. Aos meus olhos, ele deve pagar com penas tão severas ou mais do que ele aplicou nas pessoas de forma injusta”, declarou.
Dentre suas funções, segundo Tagliaferro, era necessário redigir relatórios sobre parlamentares e influenciadores de direita para enviar ao ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte à época. “Os relatórios eram sequer usados, somente nos momentos em que era politicamente interessante”, acusa.
Em outro momento de sua fala, Tagliaferro afirmou que seu trabalho dentro do TSE foi “significativo” para uma “alteração dentro do processo eleitoral”.
“Nunca comentei sobre fraudes nas urnas porque nunca acreditei que isso tenha acontecido. Moraes estava um pouco nervoso, um pouco tenso até que para que o resultado saísse. Ele é um ministro que não esconde os sentimentos. Então eu acredito, sim, que essa perseguição influenciou nas eleições”, disparou.
Ele ainda se disse perseguido pelo ministro e disse que “nada era feito sem ordem do ministro Alexandre de Moraes”. “Nada era feito sem os retoques do Moraes, inclusive os relatórios voltavam para que a gente retocasse pedindo pra colocar mais um vídeo, uma fala”, disse.
“Eu não consigo afirmar se ele [Moraes] tinha ou não tinha um interesse político, mas de acordo com os pedidos dele, de acordo com as coisas que aconteceram, de só a direita ser monitorada, se ele não tem qualquer tipo de interesse político, é um pouco tanto quanto estranho”, define.
