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Silas Malafaia chamou Eduardo de ‘babaca’, ‘idiota’ e ‘estúpido de marca maior’

O pastor Silas Malafaia reclamou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a postura de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), nas articulações de tarifas impostas pelo governo de Donald Trump contra o Brasil

Pastor Silas Malafaia

O pastor Silas Malafaia reclamou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a postura de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), nas articulações de tarifas impostas pelo governo de Donald Trump contra o Brasil. Alvo de uma operação PF nesta quarta-feira (20), em mensagens obtidas pela Polícia Federal, Malafaia chegou a chamar Eduardo de “babaca”, “idiota” e “estúpido de marca maior”.

“DESCULPA PRESIDENTE! Esse seu filho Eduardo é um babaca, inexperiente que está dando a Lula e a esquerda o discurso nacionalista e ao mesmo tempo te ferrando. Um estúpido de marca maior”, escreveu Malafaia a Bolsonaro, em mensagem enviada às 18h55, do dia 11 de julho deste ano.

“ESTOU INDIGNADO! Só não faço um vídeo e arrebento com ele porque (sic) por consideração a você. Não sei se vou ter paciência te (sic) ficar calado se esse idiota falar mas (sic) alguma asneira”, acrescentou o pastor.

Os investigadores apontam que as mensagens trocadas entre Silas Malafaia e Jair Bolsonaro revelam “divergências entre os investigados quanto à forma de se posicionar perante a opinião pública em relação às sanções impostas pelo governo norte-americano”, segundo o relatório.

Operação da PF

O pastor Silas Malafaia foi alvo de um mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares na noite desta quarta-feira (20) no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que apura tentativa de obstrução de Justiça ligada ao inquérito da trama golpista.

Além da apreensão de aparelhos, o pastor foi alvo de medidas cautelares, como a proibição de deixar o país e a proibição de manter contato com outros investigados. Malafaia foi abordado por agentes federais quando desembarcava de um voo vindo de Lisboa. Ele presta depoimento à Polícia Federal.

De acordo com decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, as condutas do pastor “em vínculo subjetivo” com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “caracterizam claros e expressos atos executórios” dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Ainda nesta quarta-feira, a PF indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) por coação no âmbito da mesma investigação que atingiu Malafaia. Os dois são alvo do mesmo inquérito sobre suposta atuação nos Estados Unidos para coagir integrantes da corte em troca de perdão pela tentativa de golpe de Estado.

“Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Messias Bolsonaro, pois o réu produziu material para publicação nas redes sociais de seus três filhos e de todos os seus seguidores e apoiadores políticos, com claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal”, escreveu o ministro na decisão sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro.

Indiciamentos

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais.

As investigações, que apuraram ações de coação no curso da Ação Penal n° 2668, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF) foram concluídas e o relatório final foi encaminhado ao STF, na última sexta-feira (15).

No relatório, a PF afirma que ambos têm atuado para obstruir o avanço da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, que tem Bolsonaro como principal réu.

Em uma das constatações, o documento cita que Eduardo usou as redes socias com conteúdos em inglês para “alcançar parcela do público exterior bem como interferir e embaraçar o regular andamento da AP 2668/DF e coagir autoridades públicas brasileiras”.

Além disso, a PF cita uma publicação feita pelo presidente americano, Donald Trump, sobre Jair Bolsonaro, em que o parlamentar “passou a tecer falas nas quais anunciava iminentes ações contrárias a autoridades e/ou ao Estado Brasileiro, deixando claro que estava atuando diretamente no estrangeiro em prol desse resultado, e que tinha ciência do que estava por vir”.

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Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.