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Projeto de lei quer proibir propagandas de bets em espaços públicos de BH

A advogada consultada pela Itatiaia, no entanto, avalia que a proibição não seja de responsabilidade na Câmara, já que as propagandas são fiscalizadas pelo Conar

Os jogos foram, recentemente, tema de uma Comissão de Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado Federal.

Um projeto de lei protocolado na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) pretende proibir a veiculação de publicidade de apostas virtuais e jogos de azar, popularmente conhecidos como o jogo do “Tigrinho”, em espaços públicos da capital mineira.

O texto, de autoria dos vereadores Wagner Ferreira (PV) e Pedro Rousseff (PT), determina também que os estabelecimentos comerciais fiquem proibidos de promover ou divulgar, direta ou indiretamente, esse tipo de conteúdo, vedando a instalação de painéis, cartazes, letreiros e a distribuição de brindes que tenham relação com as bets.

A administração pública também fica impedida de firmar convênios, parcerias ou acordos com pessoas físicas ou jurídicas que promovam, representem, operem ou mantenham plataformas de apostas e jogos de azar, ainda que de forma indireta.

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Quem descumprir a lei poderá enfrentar sanções administrativas, civis e, em alguns casos, até penais, estando também sujeito ao pagamento de multa.

Na justificativa, os autores argumentam que proibir e restringir as propagandas de jogos de azar e apostas pode surtir o mesmo efeito da proibição da publicidade de cigarros.

O texto, no entanto, não especifica qual será o órgão responsável pela fiscalização, mas menciona que caberá ao Poder Executivo definir o procedimento para a apuração das infrações, a forma de aplicação das sanções e os valores das multas, no prazo de até 90 dias após a publicação da lei, caso seja aprovada e sancionada.

À Itatiaia, Wagner Ferreira afirmou que a CMBH “não só pode, como deve” impor limites à publicidade das apostas. De acordo com ele, a restrição visa também ao bem-estar mental e financeiro de diversas famílias na capital. “Não estamos dizendo se elas [bets] são legais ou não, isso é em Brasília. Aqui nós estamos limitando essa publicidade porque o vício nos jogos de azar tem feito muitas famílias sofrerem. As pessoas estão entrando em depressão, isolamento social e até resultando em suicídio por conta do endividamento”, disse.

Consultada pela reportagem, a advogada Isabella Damasceno, mestre em Direito Público, explicou que as publicidades — sejam elas sobre apostas on-line ou não — são regulamentadas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Em seu entendimento, o projeto “ultrapassa os limites da competência legislativa” do município. “Entendo que é uma manobra arriscada a Câmara legislar de forma autônoma sobre esse tema de incidência nacional, sob pena de afrontar a repartição constitucional de competências e gerar insegurança jurídica”, afirmou.

Criação de data comemorativa

Também foi protocolado na Câmara Municipal nesta terça-feira (17) um projeto de lei que estabelece o dia 1º de maio como o Dia Municipal de Conscientização e Enfrentamento ao Vício em Apostas Virtuais e Jogos de Azar.

Os textos ainda precisam passar pelas comissões da CMBH antes de serem apreciados em plenário.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.