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No momento em que a abertura da vaga foi formalizada, interlocutores no parlamento mineiro apontaram oito nomes que teriam interesse em assumir um posto no órgão de controle: Alencar da Silveira Jr (PDT), Thiago Cota (PDT), Arnaldo Silva (União), Gustavo Valadares (PMN), Ulysses Gomes (PT), Tito Torres (PSD), Ione Pinheiro (União) e Sargento Rodrigues (PL).
A Itatiaia procurou cada um dos nomes citados. Entre mencionados, o deputado Alencar da Silveira Jr (PDT), que está nas fileiras da Assembleia há oito mandatos consecutivos, é o parlamentar que defende publicamente a sua candidatura desde o início. O parlamentar foi o único a oficializar a candidatura até o momento e diz que tem o apoio de 73 deputados. Ex-presidente da Câmara de Belo Horizonte, Alencar foi jornalista esportivo e radialista.
À Itatiaia, o parlamentar afirma que sua candidatura é um consenso dentro da Casa. “Um consenso que nasceu com a experiência que a gente tem, com o convívio que a gente teve”, destaca. Alencar ressalta ainda os 36 anos de vida pública, com dez mandatos consecutivos, dos quais oito deles cumpridos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Nos bastidores, alguns parlamentares, que assinaram o requerimento em torno da candidatura de Alencarzinho, apresentam ponderações e fazem críticas ao nome do deputado. O requerimento apresentado por Alencarzinho, como é conhecido o deputado, é assinado por 73 deputados estaduais, não tendo sido chancelado apenas por Sargento Rodrigues (PL), Bella Gonçalves (PSOL) e Carlos Henrique (Republicanos). O presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), também não assinou o requerimento, mas, nos bastidores, é próximo ao deputado. Questionados, parlamentares que apoiam Alencar afirmam que estão seguindo o princípio de antiguidade na Assembleia, visto que Alencar tem oito mandatos como deputado estadual.
O que dizem os parlamentares que não assinaram requerimento:
Rodrigues atendeu a Itatiaia e não quis comentar nenhum bastidor sobre o assunto. O deputado afirmou que não vai entrar em polêmicas e ressaltou que não irá emitir opinião sobre a disputa. Pedindo reservas, deputados apontam que o fato do parlamentar não ter assinado o requerimento não é uma coincidência. Interlocutores acreditam que ele ainda pode formalizar uma candidatura para rivalizar com Alencar da Silveira ou optar por postura de neutralidade na disputa.
Já a deputada Bella Gonçalves (PSOL) se manifestou e afirmou que optou por não assinar o requerimento por se incomodar com a proximidade do deputado Alencar com empresários do transporte público da região metropolitana de Belo Horizonte. A deputada é defensora de melhorias para o transporte público e da bandeira da gratuidade do serviço para os usuários, a tarifa zero. A deputada frequentemente denuncia irregularidades envolvendo as empresas e os executivos ligados ao setor.
Procurado pela Itatiaia sobre as críticas de Bella Gonçalves, o parlamentar afirmou que tem uma relação republicana com os empresários de ônibus, assim como tem com representantes de diversas categorias. O deputado disse ainda que defende e tem proximidade com causas defendidas pela própria Bella, como a defesa dos direitos das pessoas LGBT. Sobre o transporte público, o parlamentar diz que já foi autor de um projeto na Câmara municipal que defendia a gratuidade para estudantes e na Assembleia fez um projeto que defendia a gratuidade para pessoas idosas e com deficiência.
O Deputado Carlos Henrique (Republicanos) disse que houve um “erro processual” para que sua assinatura não fosse colhida e ressalta que não tem “nenhum interesse” em ser indicado ao TCE-MG. “Pessoalmente, mandei um recado para o deputado Alencar, faço questão de assinar este requerimento que dá a ele a possibilidade de se candidatar”, pontua.
O que dizem os deputados cogitados para vagas:
Deputado Sargento Rodrigues (PL)
Como já mencionado nesta reportagem, procurado pela Itatiaia, o parlamentar disse que não irá emitir opinião sobre a disputa.
Deputado Arnaldo Silva (União)
No terceiro mandato na Assembleia, o ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o deputado Arnaldo Silva (União), é considerado um “quadro técnico” para ocupar uma vaga no TCE.
Advogado de formação, o parlamentar é mestre e doutor em Direito Público. Procurado, o parlamentar não quis se manifestar sobre o assunto. Porém, no ano passado, o parlamentar comunicou ao presidente Tadeu Martins Leite e aos deputados o interesse de ocupar uma vaga no tribunal.
A Itatiaia teve acesso a uma carta do parlamentar que foi enviada no ano passado aos colegas no fim do biênio à frente da CCJ, considerada uma das comissões temáticas mais importantes do parlamento mineiro.
Na carta, Arnaldo coloca o seu nome a disposição. “Peço licença para expressar a vontade de permanecer contribuindo com o nosso Estado e, também, com todos os municípios mineiros. Com esses objetivos, coloco meu nome à disposição para ser apreciado por todos os colegas parlamentares para ocupar uma das vagas de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE), destinados à Assembleia Legislativa de Minas Gerais”, destacou.
Na sequência, o parlamentar destaca a sua carreira no direito. Além da graduação, mestrado e doutorado em direito público, o parlamentar cita 20 anos de atuação como advogado junto aos principais tribunais mineiros e federais, além de pós-graduação feita na Universidade de Castilla-la Mancha (UCLM), em Toledo, na Espanha; e especialização concluída na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em Portugal. Embora tenha um perfil discreto para manifestações públicas, no documento enviado reservadamente aos pares, o deputado Arnaldo Silva oficializa textualmente o seu interesse em integrar o TCE.
Deputado Ulysses Gomes (PT)
À frente do seu quarto mandato, o líder do bloco de oposição da Assembleia Legislativa (formado pelas federações PT-PV-PCdoB e Rede-PSOL), Ulysses Gomes (PT), abriu mão da disputa para a atual vaga e declarou apoio público a Alencar da Silveira Júnior. Porém, o parlamentar, graduado em Administração Pública, colocou o seu nome a disposição das outras duas vagas que serão abertas em breve.
“Não colocarei meu nome na disputa pela primeira vaga aberta para o Tribunal de Contas do Estado, em apoio à indicação do deputado Alencar da Silveira. Seguimos trabalhando, sob a condução do presidente Tadeu, na busca de consensos para as demais vagas. Meu nome permanece à disposição nessas construções.”
Deputado Thiago Cota (PDT)
No terceiro mandato como deputado, o parlamentar Thiago Cota (PDT) teve o nome cogitado para vaga no órgão de controle. Procurado pela Itatiaia, negou que irá disputar a atual cadeira. Porém, em uma postura parecida com a do líder da oposição Ulysses Gomes, o parlamentar diz que o nome está à disposição para as demais cadeiras.
“Sobre o questionamento da Itatiaia, não há neste momento, o pleito em relação à vaga que está em aberto”, destacou.
O parlamentar é graduado em Direito e tem MBA em Gestão de Negócios, MBA Executivo em Gestão Pública, além de pós-graduado em Ciências Políticas.
Com essas formações, Cota colocou o nome no jogo para os próximos pleitos.
“A segunda vaga estando em aberto, vamos seguir com o diálogo, buscando o entendimento de forma natural e respeitosa, sempre priorizando a harmonia da Casa e agindo com coerência, em consonância com a maturidade da Assembleia de Minas.Tenho plena confiança de que, no tempo adequado, os deputados e deputadas farão a escolha do nome que melhor represente o Poder Legislativo nessa definição tão relevante”, afirmou.
“O Tribunal de Contas do Estado exerce uma função essencial no fortalecimento da fiscalização e na garantia do bom uso dos recursos públicos. Mais do que aplicar sanções, o TCE tem a missão de zelar pelo respeito ao dinheiro do contribuinte mineiro, corrigindo distorções, combatendo desperdícios e orientando a boa gestão. Por isso, é fundamental que essa escolha recaia sobre alguém com firmeza técnica, equilíbrio e profundo compromisso com os interesses de Minas Gerais”, finalizou
Deputado Gustavo Valadares (PMN)
O deputado Gustavo Valadares (PMN) é apontado pelos pares como um dos nomes que pode ser alçado ao TCE. No sexto mandato como deputado estadual, Valadares, que tem formação em direito, foi líder do Governo Zema no parlamento mineiro e Secretário de Governo no segundo mandato do político do Novo. Questionado pela Itatiaia se pretende disputar esta vaga ou as outras duas cadeiras no tribunal, o parlamentar não quis conceder entrevista e limitou-se a negar as duas possibilidades.
Deputado Tito Torres (PSD)
Tito Torres diz que não será candidato à primeira vaga aberta, e que a Assembleia tem trabalhado para que não haja disputa, tendo em vista o bom relacionamento entre os parlamentares na Casa. “Acredito que alguns outros deputados já tenham desistido da disputa para essa primeira vaga. Mas, sim, serei candidato às outras duas vagas, tentando também junto aos colegas em busca também de consenso”, destaca.
Deputada Ione Pinheiro (União)
Com raízes familiares na política e no terceiro mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a deputada Ione Pinheiro (União) é um nome ventilado para o TCE. Entre os motivos, interlocutores garantem que há um certo incômodo com a falta de representatividade feminina no Tribunal de Contas do Estado. A Assembleia Legislativa poderia dar um aceno e indicar uma mulher para ocupar as cadeiras no tribunal. Irmã do ex-presidente da Assembleia e atual prefeito de Ibirité, Dinis Pinheiro, se fosse escolhida para uma vaga, Ione seria a única mulher entre os conselheiros. Atualmente, não há mulheres entre os sete integrantes do Tribunal.
A equipe de Ione disse que a parlamentar responderia aos questionamentos da Itatiaia. No entanto, a parlamentar não respondeu aos nossos questionamentos sobre um eventual interesse em integrar o TCE.
Apesar da possibilidade de construção em torno do seu nome, a deputada não formalizou candidatura e consta na lista de nomes que irão apoiar o nome de Alencar da Silveira.