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O jornal argentino “Lá Nacion” escreveu que a “disputa retórica” entre Donald Trump e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já havia se intensificado nos últimos dias devido às declarações do republicano em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, “rompeu uma barreira nesta quarta-feira” e se transformou em uma “briga aberta entre dois pesos pesados continentais”.
“Os esforços do presidente dos EUA para usar tarifas para pressionar o julgamento de Bolsonaro são um passo extraordinário em seu uso de políticas tarifárias”, definiu a publicação.
O jornal estadunidense The New York Times, em uma cobertura ao vivo da escalada comercial, pontuou que os Estados Unidos importaram US$ 42 bilhões em mercadorias brasileiras no ano passado, incluindo combustível, maquinário, metais e aeronaves.
A publicação classificou as tarifas como “de longe a maior taxa já vista para um parceiro comercial significativo”. “Num sinal de que o anúncio era pessoal para o presidente Trump, ele abandonou a abordagem formal que usou 21 vezes até agora nesta semana e escreveu uma carta criticando o atual governo brasileiro”, descreveu.
O jornal ainda ressaltou que Trump deu tom político às suas demandas na carta escrita por ele nesta quarta-feira. “O presidente Trump disse ter ordenado que autoridades americanas abrissem uma investigação comercial contra o Brasil por ‘ataques contínuos às atividades de comércio digital de empresas americanas’. Ele parecia estar se referindo às reclamações de muitos da direita de que o Supremo Tribunal Federal (STF) censurou vozes conservadoras online”, diz um dos jornalistas do NYT.
O jornal argentino “O Clarín” afirmou que houve um “aumento radical de tarifas do presidente Donald Trump sobre a potência sul-americana”. “Uma decisão que abre uma guerra entre os dois gigantes do continente, cujos governos têm diferentes filiações políticas”, detalha.
“A tensão já vinha crescendo há algum tempo e, nesta quarta-feira, teve repercussões. Além das tarifas, o governo brasileiro convocou o representante comercial dos EUA no Brasil para protestar contra o apoio da embaixada americana ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta julgamento por tentativa de golpe de Estado”, completou o jornal.
O jornal The Washington Post, por sua vez, pontuou que Trump “embaralhou” sua agenda comercial e fez críticas “severas” ao governo brasileiro. “O julgamento de Bolsonaro e uma decisão do Supremo Tribunal Federal exigindo que empresas digitais dos EUA, como Meta, Google e X, policiem o conteúdo dos usuários, o que Trump condenou como um ataque aos ‘direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos’, seriam punidos com uma tarifa americana de 50% a partir de 1º de agosto”, concluiu o Washington Post.
