O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na noite desta terça-feira (12) no Palácio da Alvorada o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro foi o primeiro entre os dois após a crise envolvendo o decreto do IOF, que gerou tensão entre o Executivo e o Legislativo.
Mais cedo, Lula almoçou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em um gesto de reaproximação com o Congresso Nacional. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, participou da reunião.
Os encontros ocorrem em um momento delicado para os presidentes das duas casas, que têm enfrentado pressões de grupos ligados ao bolsonarismo, especialmente após os episódios de obstrução da pauta na Câmara, protagonizados por deputados da oposição.
Em junho, o Congresso derrubou o decreto presidencial que aumentava a alíquota do IOF, imposto que não sofria alteração desde 1992. No entanto, em 16 de julho, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes restabeleceu parcialmente a validade do decreto, o que reforçou a necessidade de diálogo entre os poderes.
Segundo interlocutores do Planalto, Lula busca com esses encontros fortalecer o canal de comunicação com o Legislativo, especialmente para evitar rupturas institucionais e garantir a governabilidade.
Novas medidas de exportação
Durante entrevista ao programa “O É da Coisa”, da rádio BandNews, Lula anunciou que deve assinar nesta quarta-feira (13) uma Medida Provisória com uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para apoiar exportadores brasileiros afetados pelo aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos. O valor inicial visa amenizar os prejuízos sofridos por empresas que perderam competitividade no mercado externo por causa das medidas americanas.
“Amanhã eu vou assinar uma MP que cria uma linha de crédito de 30 bilhões de reais para as empresas brasileiras que, porventura, tiverem prejuízos com a taxação do Trump. R$ 30 bilhões é o começo. O começo. Você não pode colocar mais, você não sabe quanto é", afirmou o presidente.
Segundo Lula, os presidentes da Câmara e do Senado devem participar da divulgação oficial das medidas que fazem parte do pacote de apoio às exportações brasileiras, elaborado para proteger setores econômicos atingidos pelas tarifas de até 50% anunciadas pelo governo americano.
O gesto simboliza a tentativa do governo federal de fortalecer o diálogo com o Legislativo em um momento delicado, com pressões políticas internas e desafios econômicos decorrentes da disputa comercial com os Estados Unidos.