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Julgamento que poderia recolocar ex-presidente da Vale como réu por Brumadinho é adiado

Ministro do STJ pediu vista e processo que poderia reincluir Fábio Schvartsman na ação criminal foi adiada por ao menos dois meses

Fábio Schvartsman, presidente da Vale à época da tragédia de Brumadinho

O processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que poderia incluir novamente o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, como réu no processo criminal sobre a tragédia de Brumadinho foi adiado. Na tarde desta terça-feira (16), a 6ª turma da corte avaliava um recurso que reabriria a ação foi adiada após um pedido de vista do ministro Rogério Schietti Cruz.

Com a medida, fica adiada por 60 dias a decisão de reinserir Schvartsman no processo. O prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias. Caso o STJ opte por acatar um recurso especial do Ministério Público Federal, o ex-presidente da Vale se tornaria novamente réu por homicídio doloso duplamente qualificado 270 vezes. O processo inclui ainda crimes ambientais relacionados ao rompimento da barragem de Córrego do Feijão em janeiro de 2019.

Na sessão no STJ desta terça-feira, antes do pedido de vista, a subprocuradora-geral da República, Ana Borges Coelho Santos, defendeu que Schvartsman fosse reincluído no processo. Além de defender que o TRF-6 não poderia ter decidido pela suspensão do caso, ela reforçou a denúncia de que a presidência da empresa estava ciente sobre as chances da tragédia.

“Não havia nenhum alerta dado pela empresa dizendo que há risco e o Ministério Público aponta que a tragédia era anunciada. Estamos falando de um homicídio de risco assumido”, disse a subprocuradora.

O advogado de defesa Pierpaolo Bottini, argumentou que seu cliente deve permanecer alheio ao processo. A argumentação se baseia no fato de que o MPF reconheceu que não houve imprudência por parte dos diretores da empresa mais próximos ao funcionamento da barragem, a culpa não poderia ser estendida à presidência da mineradora.

Relembre o caso

Schvartsman se tornou réu em 2020 em processo aberto na Justiça de Minas Gerais. Em 2023, foi reconhecida a competência da Justiça Federal para o julgamento do caso. Na transição, o MPF manteve a acusação do ex-presidente da Vale e ela foi aceita pela 2ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Belo Horizonte.

Em março de 2024, Schvartsman foi bem sucedido ao apresentar um habeas corpus na 2ª turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6). Os desembargadores entenderam não haver elementos para indiciar o ex-presidente da Vale como responsável pela tragédia e suspenderam a ação criminal.

Diante da suspensão, o MPF apresentou um recurso especial argumentando que o TRF-6 não atuou de acordo com a jurisprudência das instâncias superiores ao analisar as provas para decidir pelo arquivamento do processo. A presidência do tribunal federal admitiu o recurso e o caso passou a ser avaliado pelo STJ.

Em 25 de janeiro de 2025, a barragem da Mina Córrego do Feijão, operada pela Vale em Brumadinho, se rompeu destruindo a comunidade local e o restaurante de funcionários da mineradora. A tragédia culminou na morte de 270 pessoas e duas vítimas ainda estão desaparecidas.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.