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MPF recorre de decisão que livrou ex-presidente da Vale de ação em tragédia de Brumadinho

Fábio Schvartsman foi atendido pelo TRF-6 em pedido de habeas corpus que o livrou de ação sobre homicídio e crimes ambientais

Ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, teve ação de Brumadinho trancada por decisão do TRF-6

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) que livrou o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman de processo por crimes relacionados à tragédia de Brumadinho. A manifestação foi apresentada pelo Procurador Regional da República, Darlan Airton Dias, no último dia 4 de abril, por meio de embargos de declaração à decisão tomada no mês passado.

De acordo com Dias, o Tribunal não poderia conceder habeas corpus em favor do ex-executivo da Vale nesta etapa processual e que isso só poderia ser analisado pelo Juízo Natural da demanda. Ou seja, conforme o MPF, somente a juíza federal de primeira instância poderia se manifestar sobre o habeas corpus, e não os desembargadores do TRF-6.

Ele ainda apontou que houve “omissão, obscuridade e contradição” na decisão. Segundo ele, houve falta de transparência no julgamento, que começou de forma presencial, em dezembro, e terminou virtualmente, meses depois.

A Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) comemorou o recurso, que pode levar à reversão da decisão da Segunda Turma do TRF-6.

“No processo há provas suficientes para que Fabio Schvartsman seja regularmente processado e julgado pelos crimes de que está sendo acusado. Não pode haver supressão de instância. Quem deve analisar se há provas suficientes contra ele é a juíza federal de primeira instância e não os desembargadores do TRF6. Não aceitamos a sugestão do Tribunal para que façamos ‘diálogos restaurativos’ com os réus”, afirmou a associação, em nota.

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Habeas corpus

A Segunda Turma do TRF-6 concedeu habeas corpus ao ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, no processo que tratava da responsabilidade dele no rompimento da barragem da Vale, empresa comandada por Schvartsman, em Brumadinho, no ano de 2019. A tragédia deixou 270 pessoas mortas, incluindo duas mulheres grávidas.

Assim como outros 15 réus, Schvartsman foi acusado de homicídio qualificado por cada uma das mortes, além de crimes ambientais. Com a concessão do habeas corpus, a ação restou trancada, livrando o ex-executivo de responder ao processo.

Segundo os desembargadores que votaram a favor de Schvartsman, a acusação não apresentou “indícios mínimos de conduta criminosa”.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.