Governo de Minas divulga valor da Codemig; estatal sozinha quase atinge marca exigida pelo Propag

Avaliação demandada pela estatal calculou que ativo vale R$ 33,6 bilhões. As cifras simbolizam cerca de 19% da dívida de Minas com a União

Codemig está no centro das movimentações políticas de Minas Gerais nos últimos meses

A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) foi avaliada em R$ 33,36 bilhões pelo corpo técnico da estatal. A precificação foi divulgada nesta sexta-feira (14) e é uma das informações mais importantes no debate sobre a adesão de Minas Gerais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Os dados foram apresentados em primeira mão à Itatiaia.

O valor calculado para a Codemig equivale a cerca de 19% do estoque da dívida de R$ 175 bilhões de Minas Gerais com a União.

Dentro do Propag, o abatimento de 20% do estoque da dívida representa a possibilidade de parcelar o pagamento do débito em até 30 anos com a redução de dois pontos percentuais dos juros. A cobrança adicional hoje é calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano.

A federalização da Codemig foi aprovada na Assembleia ainda em julho com um entendimento de que a empresa sozinha poderia atingir ou se aproximar do valor necessário para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas no âmbito do Propag.

Saber o valor da Codemig era uma das principais reivindicações da oposição ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia. A ideia era de que apenas a federalização da empresa já seria suficiente para conseguir uma adesão ao Propag com o benefício da redução dos juros. Com isso, o bloco contrário ao governo esperava esvaziar a pauta da privatização de outros ativos como imóveis do estado e a Copasa.

Codemig tem presença reduzida em lista do Propag

Na última quinta-feira (6), o Governo de Minas anunciou sua adesão ao Propag com uma lista de ativos que pretende envolver na negociação da dívida. Uma das surpresas foi a não inclusão da Codemig entre eles, bem como uma alteração do quadro societário da Codemge que desidratou sua participação acionária sobre a estatal de exploração mineral.

A mudança no quadro societário aumenta a participação do Governo Minas de 49% para 95% nas ações da Codemig, ao passo que a fatia da Codemge caiu de 51% para 5%.

Apenas a Codemge foi incluída entre os ativos do Propag, portanto, com um valor que engloba apenas 5% do que vale a Codemig. O Governo de Minas, no entanto, afirma que pode mudar os percentuais se for necessário um incremento no valor para atingir o pagamento de 20% da dívida com a União. Na sua formatação atual, a lista já conta com quase três vezes o suficiente para este objetivo.

A divulgação dos dados nesta sexta-feira mostra que dentro do valor atual da Codemge, avaliado em R$ 4,59 bilhões, os 5% da Codemig representam R$ 1,684 bilhão.

Sigilo causou polêmica

No último 7 de outubro, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) decidiu impor sigilo a 13 documentos da estatal. Desde então, a empresa que explora nióbio no Triângulo Mineiro já renovou seu vínculo com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e o Governo de Minas já detalhou a relação de ativos que pretende incluir no Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), mas a empresa ainda não definiu quando vai permitir acesso às informações sigilosas.

Em outubro, em resposta à Itatiaia acerca da justificativa do sigilo das informações, a Codemig informou que a classificação dos documentos era necessária diante de um momento sensível de negociações para a renovação do vínculo com a CBMM, parceira da estatal desde a década de 1970 em sua atuação na região de Araxá.

Entre os 13 documentos listados entre os sigilosos pela Codemig haviam materiais especificados como “Relatório de avaliação econômico-financeira Rotchschild & Co Brasil Ltda” e outro como “Projeções Financeiras da Codemig elaborado pela Goldman Sachs”.

A existência de dois documentos feitos por instituições financeiras alimentou a hipótese entre os deputados de oposição ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) de que, entre as informações sigilosas, estaria um cálculo sobre o valor da Codemig.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

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