A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) realizou nesta quarta-feira (12) o segundo dia de julgamento dos dez réus do núcleo 3, conhecido como o grupo dos “Kids Pretos”, no processo sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A sessão foi dedicada às sustentações orais de quatro advogados de defesa que não conseguiram se manifestar
Durante as falas das defesas houve momentos inusitados, com direito a piadas sobre futebol, referências ao filme Senhor dos Anéis e até uma bronca do ministro Flávio Dino, sem citar nomes.
Título internacional
Durante sua fala, o advogado Lissandro Sampaio, que representa o tenente-coronel Ronald Araújo, aproveitou para dizer que é torcedor do Internacional. O
O presidente da Primeira Turma, Flávio Dino, provocou o relator Alexandre de Moraes, torcedor do Corinthians.
“Doutor, o Internacional ganhou do Corinthians no Campeonato Brasileiro de 76, então o ministro Alexandre não curtiu a sua lembrança”, disse Dino.
Imediatamente, Moraes respondeu em tom de brincadeira:
“Em 1976, se houvesse VAR, aquele gol de falta seria anulado. A bola não entrou. Ainda temos esperança de anular aquele resultado”, afirmou Moraes.
Senhor dos Anéis
Outro momento curioso aconteceu durante a sustentação do advogado Igor Laboissière, defensor do tenente-coronel Sérgio Cavaliere, que começou seu discurso citando o clássico “Senhor dos Anéis” para ilustrar sua tese jurídica.
“No exórdio dessa sustentação oral, recorro à ilustração do Senhor dos Anéis, com o escopo de conferir maior clareza argumentativa e lançar luz sobre o ponto nuclear da controvérsia concernente a Sérgio Cavaliere”, afirmou o advogado.
A referência literária conseguiu tirar risos discretos dos ministros, que seguiram com o julgamento.
Bronca de Dino
O clima, porém, ficou mais tenso após a fala do advogado Jeffrey Chiquini, que defende o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo.
Durante sua sustentação, o advogado afirmou que a apuração da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) foi “a pior investigação da história” e questionou a credibilidade das provas.
Sem citar nomes, Flávio Dino reagiu com firmeza após a fala e fez um discurso em defesa da postura institucional do STF e do respeito durante os julgamentos.
“Quem acompanha este tribunal sabe que as sustentações orais têm sido valorizadas. O Supremo saberá, como é da sua tradição, aquilatar com seriedade o acervo probatório das partes”, disse Dino.
O ministro também destacou que a tribuna do STF exige respeito e serenidade.
“Esta tribuna não é parlamentar nem do Tribunal do Júri. Vale também para manifestações externas. Isso se chama lealdade”, completou.