Moraes brinca sobre final de 76 e diz que gol do Inter ‘seria anulado com VAR’

Ministro, que é corintiano, reclamou do segundo gol que garantiu o título do colorado e que foi marcado por ídolo do Atlético; entenda o que rolou

Ministro Alexandre de Moraes pediu ‘var’ que deu vitória ao Inter, de Dadá Maravilha, em 1976

A sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (12), que julga os militares que integram o Núcleo 3 da tentativa de estado, teve espaço para uma pitada de futebol. O ministro Alexandre de Moraes aproveitou a sustentação oral de um advogado torcedor do Internacional para reclamar - em tom de brincadeira - da final do Campeonato Brasileiro de 1976, quando o time gaúcho derrotou o Corinthians por 2 a 0 no Beira-Rio. E sobrou para o juiz dá época.

“Presidente, em 1976, se houvesse VAR, aquele gol de falta seria anulado porque a bola não entrou. Ainda temos esperança de anular. Acho que cabe ação rescisória”, disse Moraes, provocando risadas no plenário. A reação veio depois que o advogado Lissandro Sampaio, gaúcho e colorado, citou o escritor Luiz Fernando Veríssimo e mencionou o clube no início de sua fala. O ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma, entrou na conversa e provocou Moraes, relembrando da derrota para o time do advogado.

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Gol de ídolo do Atlético

O comentário do ministro faz referência a um lance polêmico daquela final. O time colorado tinha em seu ataque nada menos que Dario “Peito de Aço”, o Dadá Maravilha - ídolo nos tempos em que atuou no Atlético e autor do gol que abriu o placar na final. Mas a reclamação de Moraes não foi sobre o gole de Dadá, e sim o tento marcado pelo ponta-direita Valdomiro. O gol saiu após uma cobrança de falta em que a bola teria batido na travessão e rebatido na linha, mas acabou validada pelo árbitro. O jogo valeu ao Inter o bicampeonato nacional - e alimenta a frustração dos corintianos até hoje.

O arbitro da final era outro velho conhecido da torcida alvinegra: José Roberto Wright.

A descontração durou pouco. Em seguida, o julgamento voltou ao tom formal. Sampaio defende o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior, um dos investigados por participação na trama golpista que envolveu militares e aliados de Jair Bolsonaro.

O caso de Ronald Ferreira de Araújo Júnior

Segundo a Polícia Federal, o tenente-coronel teria auxiliado na elaboração da minuta do decreto de golpe que buscava legitimar a intervenção militar após as eleições de 2022. Ele foi investigado pelo crime de tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito.

Mas o parecer mais recente da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que não há provas suficientes para condená-lo pelos crimes mais graves. Para a PGR, faltam elementos adicionais que demonstrem vínculo direto de Ronald com o núcleo central da organização.

Por isso, o órgão pediu que ele seja enquadrado apenas por incitação ao crime, o que abre espaço para um acordo penal e a aplicação de benefícios legais.

Ronald é o único integrante do Núcleo 3 - formado por nove militares de alta patente e um agente da Polícia Federal - que não deve ser condenado. A PGR considera que sua participação foi periférica, sem relação direta com as “ações mais severas e violentas” planejadas pelo grupo.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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